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Painel
RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br
Cai dentro
Enquanto a oposição deitava ontem no divã, um dia
após aceitar o acordo para definir o escopo da CPI dos
cartões corporativos, o governo organizava seu time a
fim de reduzir os danos. Em almoço com líderes aliados, os ministros José Múcio (Relações Institucionais) e Franklin Martins (Comunicação) avaliaram
que a comissão mista será melhor que uma só no Senado, onde a correlação de forças é mais equilibrada.
A dupla distribuiu aos parlamentares o dossiê sobre
os cartões que circula no Executivo desde a semana
passada, munição para que eles defendam o governo
no Congresso. Afetando total despreocupação, os ministros não descartam nem a possibilidade de dar a
presidência da CPI a um tucano "não-radical".
Fiado não. O governo tenta negociar com a oposição
usando uma vaga do PMDB.
Que, por sua vez, não costuma
dar nada de graça. Ontem,
peemedebistas consideravam
nulas as chances de a sigla
abrir mão de presidir a CPI.
Dá jogo. O PSDB e governistas favoráveis a um acordo
com a oposição em torno da
presidência da CPI articulam
o nome da senadora Marisa
Serrano (MT), vista como
"ponderada" e "equilibrada".
By-pass. Enquanto o ex-líder Luiz Sérgio (RJ) se lança
candidato a relator da CPI dos
Cartões, setores do PT e de
outros partidos da base governista trabalham pelo nome de
outro petista para o posto:
Cândido Vaccarezza (SP). Seu
trabalho na zaga nas investigações do apagão aéreo lhe
rendeu fama de "durão".
Bode. De olho na cizânia tucana, o vice-líder dos "demos"
na Câmara Ronaldo Caiado
(MT) resume a importância
de seu partido na comissão:
"Se não tiver o DEM para
apertar, a CPI acabará prendendo o dono da tapiocaria".
Vôo solo. Criticado por colegas de oposição por ter concordado com uma investigação que retroceda a 1998, Carlos Sampaio (PSDB-SP) vai
além: diz que é preciso investigar, sim, as chamadas "contas tipo B". "O STF já deu inúmeras decisões de que uma
CPI deve apurar fatos correlatos ao objeto. Antes dos cartões, havia essas contas."
On-line. Lurian Cordeiro
da Silva, a filha de Lula, faz
alusão à divulgação de gastos
com sua segurança no cartão
corporativo em seu "nickname" (apelido) no MSN: "Não
propaguem mentira; esclareçam, falem comigo".
Fato da vida. "O sr. acha
normal receber R$ 4 mi?",
perguntou o juiz a Roberto
Jefferson, em depoimento no
Rio dentro do inquérito do
mensalão. Ele se referia ao dinheiro repassado pelo PT ao
PTB na campanha eleitoral de
2004. Resposta: "Normal não,
mas na política é real".
Reciclagem. Edison Lobão
indicará para a Secretaria de
Petróleo e Gás da pasta de Minas e Energia Djalma Rodrigues de Souza. Trata-se do antigo pupilo de Severino Cavalcanti (PP-PE) para a "diretoria que fura poço e acha petróleo", como o ex-presidente da
Câmara chamava a Diretoria
de Exploração da Petrobras.
Do alto. Na reunião de líderes ontem na Assembléia paulista, Barros Munhoz (PSDB)
fez apelo expresso em nome
do governador José Serra para que ninguém da base assine
o pedido de CPI dos cartões
de despesas do Estado.
Nada feito. Vendo as
chances de investigação do
cartão paulista ir para o ralo, o
líder do PT, Simão Pedro, propôs um acordão nos moldes
daquele fechado em Brasília.
Os tucanos não toparam.
Água fria. O PT esperava
encontro ontem da Comissão
de Finanças a fim de pedir a
convocação do secretário estadual da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, para explicar os
gastos com cartões. Os governistas conseguiram adiar a
reunião para a terça que vem.
Tiroteio
"Sem uma CPI independente, será mais ou
menos como o macaco cuidando da banana."
Do líder da Minoria na Assembléia paulista, ÊNIO TATTO (PT), sobre a
decisão do governador José Serra (PSDB) de suspender os saques em dinheiro com os cartões de despesa e examinar todas as operações.
Contraponto
Sinceridade demais
Na época em que era governador o Rio Grande do Norte, entre 1995 e 2002, o hoje presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB), foi visitar um parente internado na Casa de Saúde São Lucas, em Natal. Conversava
com amigos e assessores em frente ao hospital quando o
telefone público que ficava na calçada começou a tocar.
Ele decidiu atender.
-Aqui é o Garibaldi.
-Garibaldi, qual Garibaldi?
-O governador...
Do outro lado da linha, a pessoa perdeu a paciência:
-Eu querendo saber de um paciente em estado grave e
você me vem com essa brincadeira de mau gosto!
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