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Lula defende cartão e sigilo em despesas da Presidência
"Quando se trata de segurança, eu acho que é segredo de Estado", diz presidente
Petista afirma que CPI dos cartões corporativos "não pode atrapalhar porque a reforma tributária é necessidade brasileira"
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A MACAPÁ (AP)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que é a
favor da divulgação de gastos
do Planalto com cartões corporativos na internet, à exceção
de despesas com a sua segurança e a de sua família. Segundo o
mandatário, esse sistema de
pagamento é a forma "mais séria e transparente" de uso do
dinheiro público, e uma CPI sobre o assunto não atrapalhará
as votações no Congresso.
"Para mim, só tem um gasto
que não deve ser explicitado e
detalhado, que é o gasto com
segurança. Segurança é uma
coisa muito delicada", disse Lula ontem, no aeroporto de Macapá (AP), depois de uma visita
de Estado à Guiana Francesa,
onde se reuniu com o presidente Nicolas Sarkozy.
"E uma boa segurança, os adversários não sabem que ela
existe nem como ela existe. Na
hora em que ela souber, deixa
de ser segurança. Nós vimos
agora o que aconteceu no Timor Leste. Um pouco de cuidado não permitiria que um presidente fosse atingido fazendo
ginástica de manhã. Quando se
trata de segurança, eu acho que
é segredo de Estado."
Ele citou como exemplo seus
próprios seguranças. "Você não
pode dizer onde é a casa dos seguranças do presidente, você
não pode dizer onde que ele vai
alugar um carro. Porque, se você disser, fica muito fácil, quem
quiser fazer a desgraça faz a
desgraça por antecipação."
"Não é a Presidência que gasta. Quando eu sair daqui, a Presidência continua. A Presidência é uma instituição que as
pessoas precisam aprender a
respeitá-la,e não banalizá-la."
Lula defendeu ainda o sistema de cartões corporativos e
disse acreditar que pode ser
melhorado. "O cartão é a forma
mais séria e mais transparente
para você cuidar dos gastos públicos. Não tem outra mais séria. O que nós precisamos é, a
partir das deficiências, fazer as
correções necessárias e continuar colocando na internet para que a sociedade brasileira tenha as informações. Até porque
acho que todo mundo tem de
mostrar concretamente o que é
gasto todo santo dia."
Questionado sobre a criação
de uma CPI para investigar os
assuntos, Lula disse acreditar
que não atrapalhará as votações no Congresso em torno da
reforma tributária. "Uma CPI
não vai atrapalhar nada, uma
CPI vai estudar, vai investigar,
vai apresentar o resultado, e o
Brasil vai continuar."
"[A CPI] não pode atrapalhar
porque a reforma tributária é
uma necessidade brasileira. Eu
tenho dito aos líderes, eu tenho
dito aos empresários, eu tenho
dito aos governadores, aos prefeitos que, desde que eu me conheço por gente, as pessoas falam na necessidade de fazermos uma reforma tributária. E
toda vez que nós mandamos
um projeto para a Câmara, vocês estão lembrados que nós
mandamos um projeto em abril
de 2003, não acontece porque
um ou outro tem divergência. O
que eu quero é fique explícito
quem quer e quem não quer a
política tributária." Após conceder cinco minutos de entrevista, Lula voou para Brasília.
Os jornalistas FABIANO MAISONNAVE e BRUNO MIRANDA viajoaram entre Oiapoque (AP) e
Macapá em avião da Força Aérea Brasileira
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