São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

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Lula defende cartão e sigilo em despesas da Presidência

"Quando se trata de segurança, eu acho que é segredo de Estado", diz presidente

Petista afirma que CPI dos cartões corporativos "não pode atrapalhar porque a reforma tributária é necessidade brasileira"

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A MACAPÁ (AP)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que é a favor da divulgação de gastos do Planalto com cartões corporativos na internet, à exceção de despesas com a sua segurança e a de sua família. Segundo o mandatário, esse sistema de pagamento é a forma "mais séria e transparente" de uso do dinheiro público, e uma CPI sobre o assunto não atrapalhará as votações no Congresso.
"Para mim, só tem um gasto que não deve ser explicitado e detalhado, que é o gasto com segurança. Segurança é uma coisa muito delicada", disse Lula ontem, no aeroporto de Macapá (AP), depois de uma visita de Estado à Guiana Francesa, onde se reuniu com o presidente Nicolas Sarkozy. "E uma boa segurança, os adversários não sabem que ela existe nem como ela existe. Na hora em que ela souber, deixa de ser segurança. Nós vimos agora o que aconteceu no Timor Leste. Um pouco de cuidado não permitiria que um presidente fosse atingido fazendo ginástica de manhã. Quando se trata de segurança, eu acho que é segredo de Estado."
Ele citou como exemplo seus próprios seguranças. "Você não pode dizer onde é a casa dos seguranças do presidente, você não pode dizer onde que ele vai alugar um carro. Porque, se você disser, fica muito fácil, quem quiser fazer a desgraça faz a desgraça por antecipação." "Não é a Presidência que gasta. Quando eu sair daqui, a Presidência continua. A Presidência é uma instituição que as pessoas precisam aprender a respeitá-la,e não banalizá-la."
Lula defendeu ainda o sistema de cartões corporativos e disse acreditar que pode ser melhorado. "O cartão é a forma mais séria e mais transparente para você cuidar dos gastos públicos. Não tem outra mais séria. O que nós precisamos é, a partir das deficiências, fazer as correções necessárias e continuar colocando na internet para que a sociedade brasileira tenha as informações. Até porque acho que todo mundo tem de mostrar concretamente o que é gasto todo santo dia."
Questionado sobre a criação de uma CPI para investigar os assuntos, Lula disse acreditar que não atrapalhará as votações no Congresso em torno da reforma tributária. "Uma CPI não vai atrapalhar nada, uma CPI vai estudar, vai investigar, vai apresentar o resultado, e o Brasil vai continuar."
"[A CPI] não pode atrapalhar porque a reforma tributária é uma necessidade brasileira. Eu tenho dito aos líderes, eu tenho dito aos empresários, eu tenho dito aos governadores, aos prefeitos que, desde que eu me conheço por gente, as pessoas falam na necessidade de fazermos uma reforma tributária. E toda vez que nós mandamos um projeto para a Câmara, vocês estão lembrados que nós mandamos um projeto em abril de 2003, não acontece porque um ou outro tem divergência. O que eu quero é fique explícito quem quer e quem não quer a política tributária." Após conceder cinco minutos de entrevista, Lula voou para Brasília.


Os jornalistas FABIANO MAISONNAVE e BRUNO MIRANDA viajoaram entre Oiapoque (AP) e Macapá em avião da Força Aérea Brasileira


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