São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

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CGU vê falha de ex-ministra no uso de cartão

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As auditorias da CGU (Controladoria Geral da República) sobre o uso de cartões de crédito corporativos por Matilde Ribeiro e Altemir Gregolin vão apontar falha da ex-ministra da Igualdade Social e isentar o titular da Pesca.
Segundo apurou a Folha, as auditorias sobre Matilde e Gregolin deverão ficar prontas até depois de amanhã. Já a investigação da CGU a respeito das despesas do ministro Orlando Silva (Esporte) tende a demorar um pouco mais.
De acordo com um ministro, a CGU referendará a decisão política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que forçou Matilde a pedir demissão. Para a CGU, Matilde não usou de má-fé, mas utilizou o cartão para uma despesa pessoal e para locações irregulares de carros.
Matilde gastou R$ 461,16 em um free shop em outubro do ano passado. Alertada por sua pasta, ela reconheceu o que chamou de "engano" e afirmou ter ressarcido o valor à União. A CGU também deverá considerar que as locações seguidas de automóveis configuraram falta grave, pois a pasta deveria ter feito licitação para isso.
A revelação dos gastos de Matilde deu gás à oposição e acuou o governo. Sua demissão foi uma resposta para tentar diminuir a repercussão do caso.
Em relação ao ministro da Pesca, a CGU deverá suavizar seu entendimento. Gregolin usou o cartão corporativo para pagar uma conta de R$ 512,60 numa churrascaria de Brasília. Segundo ele, era um almoço com uma comitiva do governo da China sobre pesca. Sua pasta autorizou o gasto.
Ou seja, haveria dois atenuantes na situação de Gregolin -usou o cartão num compromisso de trabalho e obteve aval jurídico do seu ministério.

Temor de efeito dominó
No caso de Gregolin, ainda que haja desgaste político, o governo avalia que pouco adiantará entregar a sua cabeça. Se degolasse o titular da Pesca, teria de fazer o mesmo com Orlando Silva e talvez com outros colegas de ministério. Ou seja, daria início a um efeito dominó.
Nas palavras de um auxiliar presidencial, Lula não descarta eventuais demissões no primeiro escalão, mas examinará caso a caso antes de voltar a usar o método célere de degola que vitimou Matilde.
Orlando Silva, que gastou R$ 8,30 em uma tapiocaria de Brasília, ganhou pontos no Palácio ao devolver R$ 30 mil aos cofres públicos -todas as despesas que efetuou com cartão. Silva levou mulher, filha e babá para um hotel no Rio. Disse que ficaram todos no mesmo quarto e que o valor da diária seria o mesmo se estivesse sozinho.


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