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REVIRAVOLTA NA SUCESSÃO
Partido suspeita de ação da Interfort, que prestou serviços de segurança ao governo FHC
PFL aponta empresa ligada a tucanos por suposto dossiê
WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dirigentes do PFL apontam a
empresa Interfort Tecnologia em
Segurança como a responsável
pelo dossiê que teria sido encomendado pelo PSDB contra a pré-candidata presidencial pefelista,
governadora Roseana Sarney.
Durante o governo Fernando
Henrique Cardoso, a Interfort
prestou serviços aos ministérios
da Marinha, da Aeronáutica, do
Exército e do Desenvolvimento
Agrário, segundo o diretor comercial da empresa, José Heitor.
"Não me lembro [se fomos contratados pelo Ministério da Saúde
também"", disse Heitor à Folha.
José Heitor se apresenta em
Brasília como um "consultor de
segurança", especialista em "câmeras secretas, varredura eletrônica, rastreamento, consultoria
em segurança, circuito fechado,
detectores de metais, detectores
de grampos/escutas".
Em seu círculo de amizades, um
dos nomes mais próximos é o de
Jonathan Sardenberg, agente da
Polícia Federal destacado para zelar pela segurança de autoridades.
Em 1994, Sardenberg dividiu com
o também agente Paulo Chelotti a
responsabilidade por guardar o
então candidato FHC.
"É verdade que trabalhei com o
presidente Fernando Henrique,
em 1994. É verdade que sou amigo
de José Heitor. Mas nunca prestei
serviços para a Interfort", disse
Sardenberg. Segundo o agente da
PF, apenas esporadicamente ele
indica a Interfort para pessoas interessadas em segurança.
Em 1995, um grampo telefônico
no Palácio do Planalto selou as
demissões do embaixador Júlio
César Gomes dos Santos, do delegado da PF Vicente Chelotti e do
tucano Francisco Graziano. Paulo
Chelotti foi apontado como o responsável pelo grampo no chamado "caso Sivam".
José Heitor disse que não estava
autorizado a informar se já havia
trabalhado ou não para políticos
do PSDB. "Tenho muitos amigos", foi o que preferiu dizer.
Segundo estimativa do "consultor de segurança", a elaboração de
um dossiê sobre Roseana Sarney é
um trabalho que valeria mais de
R$ 3 milhões. "Isso envolve dezenas de pessoas. É algo que só poderia ser feito por empresas como
a Kroll ou a Control Risk", disse o
diretor da Interfort.
"Minha empresa não tem porte
para um trabalho como esses",
afirmou José Heitor, que diz estar
há 18 anos trabalhando nesse
mercado. "Mas sempre desmontando grampos, nunca colocando", ressalvou.
A indicação da Interfort como a
empresa que seria a responsável
pelo dossiê contra Roseana Sarney reforça suspeitas no mundo
político de que tucanos teriam
contrataram serviço de espionagem, devido aos laços de José Heitor e Sardenberg com o governo.
O senador José Sarney (PMDB-AP) tem dito que a ação do submundo das investigações foi detonada pelo deputado federal Márcio Fortes (PSDB-RJ), um dos
principais articuladores da campanha do pré-candidato José Serra. Ele nega a acusação.
Os pefelistas acreditam que os
telefones do escritório da Lunus
foram grampeados. Os autores da
operação teriam descoberto, pelo
grampo, o dia em que haveria dinheiro na empresa.
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