São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 2002

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REVIRAVOLTA NA SUCESSÃO

Partido suspeita de ação da Interfort, que prestou serviços de segurança ao governo FHC

PFL aponta empresa ligada a tucanos por suposto dossiê

WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dirigentes do PFL apontam a empresa Interfort Tecnologia em Segurança como a responsável pelo dossiê que teria sido encomendado pelo PSDB contra a pré-candidata presidencial pefelista, governadora Roseana Sarney.
Durante o governo Fernando Henrique Cardoso, a Interfort prestou serviços aos ministérios da Marinha, da Aeronáutica, do Exército e do Desenvolvimento Agrário, segundo o diretor comercial da empresa, José Heitor. "Não me lembro [se fomos contratados pelo Ministério da Saúde também"", disse Heitor à Folha.
José Heitor se apresenta em Brasília como um "consultor de segurança", especialista em "câmeras secretas, varredura eletrônica, rastreamento, consultoria em segurança, circuito fechado, detectores de metais, detectores de grampos/escutas".
Em seu círculo de amizades, um dos nomes mais próximos é o de Jonathan Sardenberg, agente da Polícia Federal destacado para zelar pela segurança de autoridades. Em 1994, Sardenberg dividiu com o também agente Paulo Chelotti a responsabilidade por guardar o então candidato FHC.
"É verdade que trabalhei com o presidente Fernando Henrique, em 1994. É verdade que sou amigo de José Heitor. Mas nunca prestei serviços para a Interfort", disse Sardenberg. Segundo o agente da PF, apenas esporadicamente ele indica a Interfort para pessoas interessadas em segurança.
Em 1995, um grampo telefônico no Palácio do Planalto selou as demissões do embaixador Júlio César Gomes dos Santos, do delegado da PF Vicente Chelotti e do tucano Francisco Graziano. Paulo Chelotti foi apontado como o responsável pelo grampo no chamado "caso Sivam".
José Heitor disse que não estava autorizado a informar se já havia trabalhado ou não para políticos do PSDB. "Tenho muitos amigos", foi o que preferiu dizer.
Segundo estimativa do "consultor de segurança", a elaboração de um dossiê sobre Roseana Sarney é um trabalho que valeria mais de R$ 3 milhões. "Isso envolve dezenas de pessoas. É algo que só poderia ser feito por empresas como a Kroll ou a Control Risk", disse o diretor da Interfort.
"Minha empresa não tem porte para um trabalho como esses", afirmou José Heitor, que diz estar há 18 anos trabalhando nesse mercado. "Mas sempre desmontando grampos, nunca colocando", ressalvou.
A indicação da Interfort como a empresa que seria a responsável pelo dossiê contra Roseana Sarney reforça suspeitas no mundo político de que tucanos teriam contrataram serviço de espionagem, devido aos laços de José Heitor e Sardenberg com o governo.
O senador José Sarney (PMDB-AP) tem dito que a ação do submundo das investigações foi detonada pelo deputado federal Márcio Fortes (PSDB-RJ), um dos principais articuladores da campanha do pré-candidato José Serra. Ele nega a acusação.
Os pefelistas acreditam que os telefones do escritório da Lunus foram grampeados. Os autores da operação teriam descoberto, pelo grampo, o dia em que haveria dinheiro na empresa.



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