São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 2002

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PFL mantém indecisão sobre CPMF

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL manteve o governo mais uma vez refém da votação da emenda que prorroga a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Depois de três horas e meia de reunião, a bancada do partido decidiu fazer novas consultas.
À noite, após reunião na casa do presidente do PFL, o senador licenciado Jorge Bornhausen (SC), a cúpula do partido informou que o mais provável é que a emenda seja votada na próxima semana.
A declaração anteontem do presidente Fernando Henrique Cardoso -de que poderia ter sido eleito sem o PFL- foi mais um ingrediente na crise, prejudicando um possível entendimento entre o partido e o governo para a votação da CPMF.
Para explicar o adiamento da decisão, o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), usou uma frase adotada pelo ex-presidente Fernando Collor, no período da crise que resultou em sua cassação. "O tempo é o senhor da razão. O tempo será aquele que for oportuno. Tudo tem o seu tempo perante o céu", disse.
Sem o PFL, maior partido na Câmara, o governo teme ser derrotado na votação em segundo turno da emenda, que precisaria ser promulgada até o dia 18 de março para evitar a suspensão da cobrança. Não há mais tempo. A previsão é que o governo perca R$ 400 milhões por semana com a suspensão.
"O PFL é vital para essa aprovação. Se pudesse votar sem o PFL, já teria colocado em votação na semana passada", afirmou o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG).
Inocêncio classificou a declaração de FHC de "infeliz". "O presidente vinha tão bem ultimamente, elogiando o PFL, e, de uma hora para outra, tem uma recaída dessas", disse Inocêncio.
O deputado Paulo Magalhães (PFL-BA), sobrinho do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), disse que a declaração mostra o caráter do presidente. "Isso ratifica o traço de ingratidão da personalidade do presidente."
Por meio do presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), que almoçou com FHC ontem, o presidente tentou explicar que sua intenção era "valorizar" o partido. "O presidente disse que seu interesse foi na verdade valorizar o PFL e essa era sua intenção, por mais que a frase solta possa ir em sentido contrário. Ele reiterou isso e foi mostrar que o PFL não fez uma aliança eleitoral, mas uma [aliança" programática", afirmou Aécio, ao sair do almoço. (DENISE MADUEÑO E RAQUEL ULHÔA)



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