São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 2002

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REVIRAVOLTA NA SUCESSÃO

Governadora cai 8 pontos e tucano sobe 7, revela Datafolha; Lula oscila um ponto negativamente e lidera corrida sozinho com 25%

Serra, Roseana e Garotinho empatam em 2º

PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), despencou oito pontos percentuais em 18 dias, e José Serra (PSDB) cresceu sete pontos numa reviravolta do quadro eleitoral de 2002, revela pesquisa Datafolha.
O segundo lugar registra um tríplice empate técnico. Serra atingiu 17%, Roseana caiu para 15%, e o governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB), aparece com 15%; uma oscilação positiva de dois pontos, seguindo linha de ascensão registrada desde novembro de 2001.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) oscilou negativamente um ponto, mas com 25% voltou a liderar isoladamente a disputa presidencial, que antes dividia com Roseana.
O triplo empate técnico no segundo lugar ocorre porque a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Assim Serra pode ter entre 15% e 19%; e Roseana e Garotinho, entre 13% e 17%.
O Datafolha ouviu 2.545 eleitores, em 126 municípios brasileiros de todas as unidades da Federação. Entre a pesquisa realizada ontem e sua anterior, com entrevistas nos dias 21 e 22 de fevereiro, ocorreram pelo menos dez fatos relevantes no conjuntura política que influenciaram os novos números (veja quadro nesta página).
Os mais importantes foram a decisão do Tribunal Superior Eleitoral que obriga a repetição nos Estados das alianças estabelecidas nacionalmente e a apreensão pela Polícia Federal de documentos e R$ 1,34 milhão em dinheiro em empresa de Roseana e seu marido, Jorge Murad.
A queda de Roseana está obviamente vinculada à operação da PF e seus fatos subsequentes, como a veiculação das imagens de 26,8 mil notas de R$ 50 apreendidas na empresa da pefelista, a crise advinda da suposta ação de bastidores de tucanos no episódio e a saída do PFL da base de apoio ao governo FHC.
Roseana perdeu votos em 16 das 17 estratificações pesquisadas. Caiu mais entre as mulheres (nove pontos a menos), os eleitores maduros (dez pontos na faixa de 45 a 59 anos e nove entre os de mais de 60), os mais ricos (perda de 12 pontos entre os que ganham mais de R$ 3.600) e nas regiões Norte/Centro-Oeste e Sul (dez e nove pontos, respectivamente).
A queda da governadora do Maranhão só não foi maior porque entre os eleitores que têm até o primeiro grau ela apenas oscilou negativamente de 22% para 20% e porque, no Nordeste, região do Estado que administra, perdeu menos pontos que nas demais -mesmo assim tendo uma redução acentuada de 26% para 20% das intenções de voto.
A subida do ex-ministro da Saúde José Serra pode ser atribuída à sua exposição no rádio e na televisão -desde 5 de março teve direito a 80 inserções de 30 segundos e mais 20 minutos do programa eleitoral gratuito do PSDB em rede nacional-, à sua confirmação como pré-candidato tucano, ocorrida em 24 de fevereiro, e ao efeito óbvio da migração de eleitores simpatizantes do governo de Fernando Henrique Cardoso para sua candidatura em detrimento da opção por Roseana.
Serra destaca-se no eleitorado feminino (cresceu quatro pontos a mais entre elas do que entre eles), na classe média (15 pontos a mais no eleitorado que recebe entre R$ 1.801 e R$ 3.600) e entre os eleitores de idade madura (mais dez pontos na faixa de 35 a 44 anos, 11 na de 45 a 59 e dez entre os de mais de 60 anos).
O tucano cresceu em menor proporção entre os mais jovens e os que têm até o segundo grau (subiu quatro pontos).
O ex-ministro oscilou negativamente entre os que ganham mais de R$ 3.600, passando de 19% para 17%. Foi nessa faixa de renda que ele havia obtido o seu melhor índice na pesquisa passada.
Foi exatamente entre os mais ricos que Lula obteve seu melhor resultado nessa pesquisa, crescendo nove pontos percentuais, mostrando-se o maior beneficiário da queda de 12 pontos percentuais de Roseana nesse estrato.
Mas Lula caiu 14 pontos na faixa entre R$ 1.801 e R$ 3.600, quatro pontos entre os de nível universitário e três pontos entre os eleitores do Nordeste. Serra cresceu nessas três faixas.
Garotinho manteve sua linha ascendente por sua performance no eleitorado jovem (cinco pontos a mais), entre os que têm até o segundo grau (mais quatro), entre os que ganham mais de R$ 3.600 (crescimento de cinco pontos) e entre os eleitores do Norte/ Centro-Oeste, onde cresceu outros cinco pontos.
O ex-governador Ciro Gomes (PPS) mantém-se com 8% nesta pesquisa, o mesmo índice que tinha no levantamento anterior.
O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), mantém os mesmos 6% da pesquisa de fevereiro. Ele enfrenta uma disputa interna com peemedebistas aliados do governo FHC que não querem a candidatura própria e pode não sair candidato.
Sem a apresentação da lista de postulantes à Presidência, 58% afirmam não saber em quem votar ou não têm candidato. No chamado voto espontâneo, Lula foi de 15% para 12%, e Serra de 3% para 6%.


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