São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 2002

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NO AR

O massacre

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Para fechar mais um longo massacre de Roseana Sarney, massacre que chegou perto de ridicularizar a "nova versão" do PFL para o dinheiro, o Jornal Nacional apresentou a pesquisa do Ibope.
Lula com 24%, José Serra com 19%, Roseana com 17%. Efeito de uma semana e meia de massacre, foi a impressão.
Mas não só. No meio da semana e meia ainda houve programa e comerciais do PSDB. E o telespectador brasileiro é um crédulo, assim nos intervalos como nos telejornais.
 
- Agi só.
Era Jorge Murad no JN, lendo a justificativa final para o dinheiro encontrado na empresa dele e da mulher.
Ele pediu desculpas "à governadora", afirmou que amigos soltaram "versões não-autorizadas" etc.
A nota saiu depois de reunião de Roseana com Jorge Bornhausen e dois advogados, um criminalista e um ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral.
Chegou-se à versão final. Aí era atacar a "opinião pública", expressão usada na nota, para ver se colava.
Mas a resposta não poderia ser pior. No próprio PFL, Roberto Brant:
- A população não vai se satisfazer só com essa explicação.
Na Record, Boris Casoy:
- É uma tentativa de criar um escudo.
No JN, foi permitido a Jorge Murad ler quase toda a nota. Mas a desmontagem passou pela reprodução também quase completa de todas as "desculpas" anteriores, "mentirosas" -até a de Roseana.
 
Os pefelistas se esforçaram por dourar os números das pesquisas, inclusive a do próprio PFL, durante o dia.
Foi até pouco, disse um. Foi extraordinário, disse outro. Um e outro, Roberto Brant e Inocêncio Oliveira, justificaram a avaliação pelo "massacre" de Roseana na mídia.
Na expressão de Brant, citada no site da Globo, "com dez minutos diários, de manhã à noite, na TV contra ela, até Jesus Cristo viraria Satanás".
O PFL agora também se acha vítima da Globo.
 
Resta, é claro, Silvio Santos e seu SBT. Até Nelson Rubens saiu falando, na Rede TV!, que "Silvio poderá tomar a vaga de Roseana".
Mas para isso precisará estar preparado para os "dez minutos diários, de manhã à noite", na Globo. Ele e quem mais aparecer pela frente.
 
Por falar em Globo, a operação do BNDES na Globo Cabo foi parar no Cidade Alerta. Luiz Datena, aos gritos:
- Isso é imoral! É um ano eleitoral!



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