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JANIO DE FREITAS
O mesmo método
Tratar o PFL ou pefelistas
com a isenção possível não é
coisa que se deva fazer na imprensa brasileira. Dizer, por
exemplo, que o PFL é que sabe
fazer política, no sentido de condução do jogo, suscita comentários depreciativos e, quando a leviandade é transbordante, até
insultos. Mas é isso mesmo: o
presidente do PFL, senador Jorge
Bornhausen, mal chegou a S.
Luís, para uma reunião de comando pefelista com Roseana
Sarney, houve logo uma forte revirada no impasse da candidatura ferida.
A absorção, por Jorge Murad,
da responsabilidade pela origem
e posse do R$ 1,34 milhão, que
obceca a imprensa tão apática
quando no ano passado apareceu o vasto caixa dois da campanha de Fernando Henrique, puxou um fio do nó político que
atou Roseana e o PFL mesmo,
agora restando ver se será suficiente para desatá-lo.
A renúncia de Murad ao cargo
de secretário tem pouco sentido
político e nem seria indispensável, mas está claro que pretende
ser uma satisfação à opinião pública. Objetivo que não depende
dos envolvidos pessoais nem do
PFL, mas da mídia, o que desde
logo desaconselha qualquer otimismo dos interessados.
É discutível, ou muito mais do
que isso, a opinião dominante no
comentarismo e no noticiário
político apontando ilegalidade
de Roseana, antes, e agora de
Murad, pela coleta de contribuição financeira. Ela ainda não é
candidata. Pode dizer que a coleta foi para financiar os gastos
com o trabalho destinado a viabilizar a candidatura. E isso pode figurar, sem ilegalidade alguma, como doação pessoal ou como empréstimo, desde que assim
declarado no imposto de renda.
Como estariam andando pelo
país afora José Serra, Ciro Gomes
e Luís Lula da Silva, não fossem
as contribuições? Legais. Todos
podem dizer que seus partidos
estão cobrindo os gastos. Muito
bem. Mas algum deles já é candidato indicado por convenção,
com comitê constituído e contabilidade de despesas, para que os
respectivos partidos possam cobrir legalmente suas despesas?
Cada um diga o que lhe convier, mas o método é sempre o
mesmo e para todos. Se alguns
são cobrados e outros não, isso fica por conta da hipocrisia política e do partidarismo que domina a mídia brasileira.
Crime contra a Lei Eleitoral e
outras foi, sim, o caixa dois de
Fernando Henrique: dinheiro recebido durante a campanha eleitoral, a pretexto da campanha
eleitoral e que ninguém de fora
do núcleo da campanha sabe onde foi parar.
Mas se sabe que existiu e que,
esse sim, foi dinheirama, tão
graúda que deixou um rastro indelével. Ou as impressões de um
crime que não suscitou o interesse da mídia tão independente,
imparcial e moralizadora.
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