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Proposta para Refis é recusada pela oposição
LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os representantes dos partidos
de oposição rejeitaram a proposta
feita ontem pelo ministro chefe da
Casa Civil, José Dirceu, para a reabertura limitada do Refis (programa de refinanciamento de dívidas
de empresas) e inclusão de apenas
quatro segmentos no Simples 3
(sistema simplificado de pagamento de impostos).
Num clima de confronto, Dirceu teria feito uma ameaça para
forçar a aprovação da proposta:
"Se formos para a votação dos vetos, o presidente vai convocar cadeia nacional para colocar a sociedade contra a derrubada dos vetos", teria dito ele.
A reabertura do Refis e a implantação do Simples 3, previstas
na medida provisória 66, foram
vetadas no último dia do governo
FHC. O acordo em torno da questão é posto por parte da oposição
como fundamental para apoio às
propostas do governo. Ontem,
após dois dias de trabalhos Legislativos pós-Carnaval, não havia
ocorrido nenhuma votação devido à obstrução da oposição.
Os argumentos técnicos contra
a reabertura do Refis segundo o
modelo da MP 66 foram apresentados pelo secretário nacional da
Receita Federal, Jorge Rachid. Segundo ele, a medida estimularia a
sonegação de impostos, porque
ficaria para os devedores a expectativa permanente de uma reabertura de prazos para renegociar dívidas em condições favoráveis.
Rachid informou que 129 mil
empresas aderiram ao Refis em
2000. No final de 2001, restavam
68 mil. Hoje, são apenas 38 mil. O
recolhimento médio nesses dois
anos foi de R$ 1,8 bilhões ao ano.
O total da dívida das empresas
que aderiram é de R$ 105 bilhões.
Pelas regras do programa, os
empresários levariam 80 anos para quitar as suas dívidas, disse Rachid. Dirceu propôs o pagamento
em oito anos. As parcelas seriam
de 3% do faturamento das empresas. No caso das pequenas e microempresas, seriam de 0,3% do
faturamento. O programa também atenderia a pessoas físicas.
"Estão brincando com coisa séria. Vai haver confronto no Congresso", disse Arnaldo Faria de Sá
(PTB-SP) após a reunião ocorrida
no Planalto. Na reunião, Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) foi irônico
com Rachid, ao lembrar que a MP
66 também proporcionou aumento de receita ao governo.
"Como está indo a arrecadação?
Está boa?", perguntou Hauly. O
governo aceitou estender o Simples 3 para quatro segmentos: auto-escolas, agências lotéricas,
agências de Correios e creches.
Vetou segmentos como escritórios de contabilidade, empresas
de software e pequenos hospitais.
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