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São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2003

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OPERAÇÃO SOCIAL

Buarque quer que valor do Bolsa-Escola, que já atende a 5,5 milhões de famílias, passe a ser de R$ 50

Ministro sugere alternativa ao Fome Zero

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Num momento em que o Fome Zero volta a receber críticas por uma suposta demora no atendimento à população de baixa renda, o ministro da Educação, Cristovam Buarque, defendeu ontem um aumento do valor do Bolsa-Escola e colocou o programa como alternativa para implantar o que chamou de "Fome Zero já".
"Hoje o Fome Zero é o Cartão-Alimentação de R$ 50 que vai chegando aos poucos às famílias. Se elevássemos o valor do Bolsa-Escola, custaria apenas a metade do que pode custar a distribuição de mais cartões", disse Buarque.
O ministro apresentará hoje ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a proposta de elevar o valor para R$ 50 por família, o mesmo que é pago aos beneficiados pelo Cartão-Alimentação.
Esse aumento do Bolsa-Escola traria resultados semelhantes aos que o Fome Zero -programa prioritário do governo- pretende alcançar a médio prazo, quando começar a atender um maior número de famílias.
Atualmente, apenas mil famílias de duas cidades do Piauí recebem o benefício por meio do Cartão-Alimentação. Já o Bolsa-Escola atende a 5,5 milhões de famílias, mas a média repassada mensalmente é de R$ 24 por família.
Os beneficiados pelo Bolsa-Escola recebem R$ 15 por criança matriculada no ensino fundamental, até o limite de R$ 45.

"Erros"
Em entrevista ao "Jornal Nacional", o ministro José Graziano (Segurança Alimentar), admitiu erros no Fome Zero.
"Não há por que achar que o Cristovam esteja disputando espaço comigo. Nós tivemos vários erros, é verdade, e esses erros todo mundo está com vontade de acertar. Todo mundo está com pressa. Mas tem coisas que infelizmente não podem ser feitas com pressa. Às vezes você tropeça", disse.
A principal diferença entre os dois programas é a utilização do dinheiro: no Bolsa-Escola é decidida pela família e no Fome Zero os recursos são obrigatoriamente para a compra de alimentos. Essa restrição é criticada por integrantes do PT e especialistas.
De acordo com dados do Ministério da Educação, 87% do dinheiro pago pelo Bolsa-Escola é gasto com a compra de alimentos.
Os recursos para o aumento viriam do próprio Bolsa-Escola, que no ano passado deixou de usar R$ 239 milhões do R$ 1,8 bilhão que estava previsto. Neste ano, haveria R$ 300 milhões do Orçamento do programa do ministério que não seriam repassados, podendo ser utilizados no aumento do valor do benefício.
Para isso, o ministro quer mudar a forma de pagamento do Bolsa-Escola -em vez de ser por criança, passaria a ser por família.
Ele falou ontem da sua proposta aos prefeitos da 6ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios.


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