São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 2000


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MUDANÇA MINISTERIAL
Para novo titular da Justiça, visão de Maierovitch sobre papel da Senad "extrapolava a lei"
Gregori diz que quem manda na PF é ele

da Sucursal de Brasília

O novo ministro da Justiça, José Gregori, reafirmou ontem seu poder sobre a Polícia Federal, confirmou Agílio Monteiro Filho como diretor-geral do órgão e criticou o ex-titular da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas), Wálter Maierovitch -demitido ontem.
Depois de dizer que nunca havia ouvido perguntas questionando quem mandava na PF, disse: ""Quem comandará a Polícia Federal é o ministro da Justiça".
Ao comentar a resistência da PF em permanecer sob a orientação da Senad no combate ao narcotráfico, Gregori deu a entender que a repressão ao crime será comandada pela Polícia Federal.
Para ele, a visão de Maierovitch sobre o papel da Senad no combate às drogas "extrapolava" a lei. "É possível que tenha havido uma visão específica do ex-secretário, uma noção de que a conduta que a Senad tinha de ter extrapolava o que diz a lei. Agora, a gente volta para a lei."
José Gregori afirmou, em entrevista, que a saída de Maierovitch era "previsível", depois da crise política que resultou na queda do ministro José Carlos Dias, anteontem. O antecessor do novo ministro e Maierovitch disputavam o controle do combate antidrogas.
"O próprio secretário se convenceu de que estava sem condição de se manter no cargo, porque o combate ao narcotráfico tem de ser feito com harmonia e entrosamento", disse.
Leia a seguir trechos de sua entrevista, concedida ontem.

COMANDO DA PF -
"A pergunta (quem comandará a PF) exige uma resposta, em minha vida, totalmente inédita. Um homem de direitos humanos de repente tem de responder que quem comanda, quem comandará a Polícia Federal é o ministro da Justiça, José Gregori."

COMBATE AO NARCOTRÁFICO -
O ministro defendeu que o trabalho de combate ao narcotráfico exige integração e e entrosamento de vários setores do governo. Ele disse que vai conversar com o general Alberto Cardoso sobre o tema. "Cada aspecto vai ser resolvido a seu tempo, dentro do melhor espírito de colaboração". Ele afirmou que o trabalho da Senad e da Polícia Federal são complementares. "Tudo que dependia da Senad vai continuar com a Senad."

MAIEROVITCH -
Gregori negou que tenha havido pressão da PF para a demissão do secretário Wálter Maierovitch, mas afirmou que a superação total da crise dependia da saída do secretário. "Achei a saída previsível. Houve uma divergência, e essa divergência custou a queda de um ministro. Isso sempre tem feições de crise. Acho que a melhor solução foi o secretário ter percebido que essa era a forma de superação total do episódio."

DIREÇÃO DA PF -
O novo ministro pediu colaboração ao diretor-geral da PF, Agílio Monteiro Filho. "A condução dessa corporação está sendo feita de forma muito competente, muito leal."


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