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Líder indígena vai convidar presidente
da Agência Folha, em Salvador
O líder indígena Carajá Pataxó,
38, pretende entregar hoje ao presidente Fernando Henrique Cardoso documento pedindo sua
presença na inauguração de monumento em homenagem aos 500
anos do Brasil, em Santa Cruz Cabrália (BA).
Anteontem, o ministro Alberto
Cardoso (Segurança Institucional) informou que FHC não iria à
solenidade. O governo alegou dificuldades para fazer a segurança
do presidente no local.
Assinado por 36 pataxós, o documento afirma que os índios
aceitam a presença de policiais civis e militares na reserva "para a
manutenção da ordem pública e
segurança das autoridades" convidadas para a festa.
No texto, os índios dizem também que as autoridades presentes
à cerimônia não serão alvo de
protestos ou qualquer tipo de
constrangimento.
Criado pelo artista baiano Mário Cravo, o monumento -uma
cruz de aço inoxidável- será
inaugurado no próximo dia 22, na
praia Coroa Vermelha.
O Cimi (Conselho Indigenista
Missionário) contestou a legitimidade do documento. "Houve
uma manipulação muito grande", disse o vice-presidente do órgão, Saulo Feitosa.
Segundo ele, os índios não informaram ao Cimi que tinham
elaborado o pedido. "Participei
de todas as reuniões e eles não falaram absolutamente nada sobre
isso. Tudo indica que as assinaturas não foram colhidas nos dias
das assembléias", afirmou.
Ontem de manhã, o governo
baiano prometeu doar à comunidade pataxó uma van e uma ambulância. Em nota oficial, a entidade acusou o governo de "cooptar" as lideranças indígenas.
O governador César Borges
(PFL) disse que o Estado não pode ser acusado de cooptador por
estar tentando melhorar a vida
dos índios. "Eles me acusam disso
e eu os acuso de usar os pataxós
para tentar fazer proselitismo político barato", afirmou.
Feitosa disse que os índios não
desistiram de fazer uma grande
manifestação no dia 22. Cerca de
7.000 policiais civis e militares já
foram deslocados para Porto Seguro. Outros 5.000 deverão chegar à cidade.
(LUIZ FRANCISCO e MARCOS VITA)
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