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ELEIÇÕES 2006/ PRESIDÊNCIA
Francenildo é prejudicado só porque é uma pessoa humilde, diz d. Geraldo Majella
Presidente da CNBB critica violação do sigilo do caseiro
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil), d. Geraldo Majella Agnelo, 71, criticou ontem em Salvador
a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, que testemunhou contra o ex-ministro
da Fazenda Antonio Palocci. "Ele
[o caseiro] é alguém que pode ser
amassado e arrebentado de uma
vez, só porque ele é uma pessoa
humilde, que falou alguma coisa
que viu", disse d. Geraldo.
"Talvez seja fácil tirar esse rapaz
da jogada, e aqueles que são imputáveis se vêem livres." D. Geraldo disse -sobre "as denúncias de
corrupção, as mentiras e os habeas corpus" concedidos pela Justiça para evitar que muitos acusados de participar do mensalão
fossem ouvidos no Congresso-
que isso "não é bom para o Brasil,
não é bom para a democracia".
O cardeal primaz do Brasil insinuou, sem citar a palavra ditadura, que as constantes denúncias
de corrupção podem trazer à lembrança o regime militar (1964-85).
"Daqui a pouco, quem sabe se
desejará que se volte o regime forte e, quem sabe, não existem partidos também com alguma programação para criar regimes fortes", acrescentou o presidente da
CNBB, durante entrevista coletiva
na Catedral Basílica de Salvador,
no Terreiro de Jesus (centro histórico), para divulgar as ações da
Igreja durante a Semana Santa.
Ainda durante a entrevista, o
cardeal fez referência à decisão do
procurador-geral da República,
Antonio Fernando de Souza, de
denunciar 40 pessoas ao STF (Supremo Tribunal Federal) sob a
acusação de integrarem uma "organização criminosa". "Será que
foi revelado tudo?", perguntou.
Segundo o presidente da CNBB,
existem muitas forças que atuam
para esconder a corrupção no
Brasil. "Porque a corrupção [no
Brasil] é tanta, e [existem] tantas
forças para não se fazer conhecidas estas ações de corrupção ativa
e passiva, [existem] tantos esforços para não se revelar, para que a
verdade não se faça."
D. Geraldo Majella disse também que a Justiça deve continuar
investigando o ex-ministro Antonio Palocci para que seja apurada
a sua "inocência ou culpabilidade"e acrescentou que as mesmas
providências devem ser tomadas
em relação ao ex-governador Geraldo Alckmin, pré-candidato do
PSDB à Presidência. "Quem se
lança em uma campanha está sujeito a tudo. E todas as denúncias
contra Alckmin e outros candidatos devem ser apuradas."
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