São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 2006

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ELEIÇÕES 2006/ PRESIDÊNCIA

Francenildo é prejudicado só porque é uma pessoa humilde, diz d. Geraldo Majella

Presidente da CNBB critica violação do sigilo do caseiro

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Geraldo Majella Agnelo, 71, criticou ontem em Salvador a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, que testemunhou contra o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. "Ele [o caseiro] é alguém que pode ser amassado e arrebentado de uma vez, só porque ele é uma pessoa humilde, que falou alguma coisa que viu", disse d. Geraldo.
"Talvez seja fácil tirar esse rapaz da jogada, e aqueles que são imputáveis se vêem livres." D. Geraldo disse -sobre "as denúncias de corrupção, as mentiras e os habeas corpus" concedidos pela Justiça para evitar que muitos acusados de participar do mensalão fossem ouvidos no Congresso- que isso "não é bom para o Brasil, não é bom para a democracia".
O cardeal primaz do Brasil insinuou, sem citar a palavra ditadura, que as constantes denúncias de corrupção podem trazer à lembrança o regime militar (1964-85).
"Daqui a pouco, quem sabe se desejará que se volte o regime forte e, quem sabe, não existem partidos também com alguma programação para criar regimes fortes", acrescentou o presidente da CNBB, durante entrevista coletiva na Catedral Basílica de Salvador, no Terreiro de Jesus (centro histórico), para divulgar as ações da Igreja durante a Semana Santa.
Ainda durante a entrevista, o cardeal fez referência à decisão do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, de denunciar 40 pessoas ao STF (Supremo Tribunal Federal) sob a acusação de integrarem uma "organização criminosa". "Será que foi revelado tudo?", perguntou.
Segundo o presidente da CNBB, existem muitas forças que atuam para esconder a corrupção no Brasil. "Porque a corrupção [no Brasil] é tanta, e [existem] tantas forças para não se fazer conhecidas estas ações de corrupção ativa e passiva, [existem] tantos esforços para não se revelar, para que a verdade não se faça."
D. Geraldo Majella disse também que a Justiça deve continuar investigando o ex-ministro Antonio Palocci para que seja apurada a sua "inocência ou culpabilidade"e acrescentou que as mesmas providências devem ser tomadas em relação ao ex-governador Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à Presidência. "Quem se lança em uma campanha está sujeito a tudo. E todas as denúncias contra Alckmin e outros candidatos devem ser apuradas."


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