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Compra de 17 milhões de fraldas é investigada
SERGIO TORRES
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O mesmo modelo de fralda geriátrica comprado pelo governo
Rosinha Matheus (PMDB) neste
ano por R$ 0,88 a unidade foi adquirido no ano passado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz)
por apenas R$ 0,27. Ou seja, o Estado do Rio pagou mais do triplo,
226% a mais do que o governo federal, por um mesmo produto.
O TCE (Tribunal de Contas do
Estado) investiga se houve superfaturamento na compra de um lote de 17 milhões de fraldas pelo
Instituto Vital Brazil, do Estado. O
produto é vendido pela Aloés Indústria e Comércio Limitada.
Preside a Aloés o pastor Altomir
Régis da Cunha, vice-presidente
da Adhonep (Associação dos Homens de Negócio do Evangelho
Pleno), entidade evangélica a que
é ligado o marido de Rosinha, Anthony Garotinho, pré-candidato à
Presidência pelo PMDB.
Pregão presencial
Segundo o contrato firmado em
30 de janeiro, a Aloés tem direito a
receber R$ 10,54 milhões do governo pela venda de 17 milhões de
fraldas para adultos. A escolha da
empresa se deu por meio do modelo de licitação chamado de pregão presencial. Outras duas empresas participaram. Segundo o
processo em análise pelo TCE, a
Aloés foi escolhida por ter apresentado o menor preço.
As fraldas são vendidas nas 18
farmácias populares que o governo Rosinha criou no Estado. O
pacote com quatro fraldas custa
R$ 1 no balcão. Levantamento feito pela Folha indica que o produto é o mais procurado nas farmácias populares, que só vendem remédios e fraldas a idosos e deficientes, sempre por R$ 1.
Funcionários de duas farmácias
ouvidos pela Folha disseram que
o produto está em falta. O motivo
seria "problema de fabricação",
conforme explicação apresentada
à clientela. Em razão disso, foi estabelecido o limite de 24 pacotes
mensais para cada cliente -cada
pacote contém quatro fraldas.
Em 18 de abril de 2004, a Fiocruz
realizou o pregão presencial para
a aquisição de 349.200 fraldas, das
quais 67.500 para adultos de 40 kg
a 70 kg, os mesmo usuários das
fraldas adquiridas pelo Estado
quase um ano depois e em quantidades muito maiores.
A empresa contratada pela Fiocruz foi a Medstory Comércio de
Produtos Hospitalares Limitada,
de São Paulo. A Fiocruz não revelou quantas firmas concorreram
-afirmou apenas que as fraldas
foram destinadas ao Instituto Fernandes Figueira, unidade materno-infantil da fundação.
A diretora de administração da
Fiocruz, Cristiane Sendim, não
comentou a diferença de preços
das fraldas. Ela afirmou apenas
considerar que, nos pregões presenciais, onde o valor mais baixo
deve ser o escolhido, é fundamental ter técnicos capacitados a atuar
como pregoeiros.
Outro lado
A Folha tentou ouvir a Aloés e
seu presidente sobre a compra
das fraldas, mas a empresa não se
manifestou. No Instituto Vital
Brazil, em Niterói (15 km do Rio),
funcionários informaram que
não havia ninguém autorizado a
prestar informações.
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