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MÁFIA DOS SANGUESSUGAS
Ney Suassuna, não encontrado, incluiu emendas para 29 prefeituras da PB comprarem veículos
Ambulâncias registram apoio de senador
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JOÃO PESSOA
Ambulâncias adquiridas na Planam por prefeituras paraibanas
por meio de emendas e convênios
patrocinados pelo senador Ney
Suassuna (PMDB-PB) circulam
no Estado com o nome do parlamentar pintado no veículo.
A Folha flagrou um deles ontem, em João Pessoa. O carro, da
Prefeitura de Monteiro, tem a
marca do SUS impressa nas laterais, o logotipo da prefeitura e a
inscrição "Apoio: sen. Ney Suassuna" nas portas traseiras.
Para a aquisição do veículo, o
senador intermediou a liberação
de R$ 80 mil à prefeitura, por
meio de convênio assinado com o
Fundo Nacional de Saúde.
O Peugeot Boxer Furgão foi adquirido em 2004, por R$ 71.780. A
Planam, suspeita de comandar
um esquema de fraude na venda
de ambulâncias com recursos de
emendas parlamentares, foi contratada por meio de carta-convite.
Para equipar o veículo, a prefeitura convidou a Frontal, investigada por suposta participação na
mesma fraude. Em dezembro de
2004, a Frontal recebeu R$ 8.190
pelo serviço. Em 2005, ganhou
mais R$ 4.000, por "reconhecimento de dívida" e "complemento do empenho da licitação".
Emendas de R$ 80 mil
Suassuna é o único senador citado pela ex-assessora da Saúde
Maria da Penha à PF. Ela foi presa
na Operação Sanguessuga, que
apura desvio de verba por meio
de emendas. Ele nega envolvimento, porém participou do processo de alocação de recursos para a compra de ambulâncias por
29 cidades paraibanas. Destas, 13
adquiriram veículos da Planam.
As emendas tinham como característica o mesmo valor: R$ 80
mil. A quantia não só se aproximava do preço de venda dos veículos mas também se iguala ao limite legal para a contratação de
empresas sem tomada de preços.
Cidades paraibanas beneficiadas com valores maiores fracionavam as verbas e contratavam
mais de um fornecedor. Mantinham, assim, a carta-convite.
Em Bananeiras, a prefeitura foi
atendida por dois convênios, nos
valores de R$ 80 mil -por Suassuna- e R$ 150 mil -por outro
parlamentar, aliado ao senador.
Os R$ 80 mil foram usados pelo
então prefeito Augusto Bezerra
para pagar servidores (leia texto
nesta página). Já os R$ 150 mil foram divididos entre duas empresas. A Planam forneceu o veículo.
Lucro de R$ 200
Notas fiscais da transação mostram que a Planam recebeu R$ 79
mil pela venda do microônibus. O
veículo foi adquirido junto ao fabricante por R$ 78.800. Ou seja,
seu lucro foi de apenas R$ 200.
Em contrapartida, a Unisal, fechada em 2005, recebeu R$ 74.500
para equipar a unidade com ar-condicionado, frigobar e consultórios médico e odontológico. A
Folha apurou que um consultório
odontológico em João Pessoa custaria cerca de R$ 12 mil.
Ney Suassuna não foi encontrado para comentar o uso de seu
nome na ambulância. O ex-prefeito de Monteiro também não foi
encontrado para comentar o caso.
Para o advogado eleitoral Alberto Rollo, presidente do Idipea
(Instituto de Direito Político, Eleitoral e Administrativo), Suassuna
não faz propaganda eleitoral.
"Mas ele está ferindo o princípio
da impessoalidade, previsto no
artigo 37 da Constituição. Por isso, acho que é cabível uma ação
civil pública." Segundo o advogado, uma ação civil pode tornar o
político inelegível.
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