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ZONA FRANCA
Medida coroa atritos em Manaus
Disputa por verbas é
motivo de 'fritura'
IGOR GIELOW
da Reportagem Local
A regulamentação da distribuição das verbas de investimento da
Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) foi a gota
d'água para a "fritura" pública de
seu superintendente, Mauro Ricardo Machado Costa.
Na última sexta-feira, o ministro
Antonio Kandir (Planejamento)
disse estar recebendo pressões para a demissão de Costa porque o
superintendente estaria indisposto
com o governador do Amazonas,
Amazonino Mendes (PFL).
A regulamentação do uso de verba foi proposta ao Conselho de
Administração da Suframa.
Em reunião no dia 4 de março,
Mauro Costa propôs regulamentar
o que vinha pondo em prática há
um ano, quando assumiu a Suframa -o fim do controle do governo estadual sobre as verbas de investimento do órgão.
A Suframa quer investir R$ 90
milhões em 130 cidades de quatro
Estados neste ano.
O valor é baixo perto da indústria
de concessões que o órgão opera,
oferecendo quase R$ 3 bilhões em
incentivos fiscais para cerca de 350
empresas. O faturamento em 1996
ficou na casa dos R$ 13 bilhões.
Mas a verba tem valor político
inestimável, uma vez que tradicionalmente era usada por políticos
locais para distribuir obras em
seus redutos eleitorais.
Em 1995, por exemplo, foi construído um calçadão de R$ 9 milhões no Distrito Industrial de Manaus com o dinheiro que, em tese,
deveria ir para programas de geração de emprego.
A proposta de Costa dá poder total ao Conselho de Administração
para controlar a verba, o que evitaria uso político.
A medida veio coroar uma série
de atritos entre Amazonino Mendes e Costa desde a posse do último, no ano passado.
O resultado até agora foi o bloqueio de 70 cadastros de empresas
que não se adequaram às novas regras e a cassação de 14 registros.
Houve uma redução de gastos da
casa de 30% -com cortes que incluíram o convênio com uma fundação na qual trabalhava a irmã do
governador Mendes.
Segundo o jornalista Elio Gaspari revelou, em sua coluna na Folha
de domingo, o governo já tem até
um substituto para o superintendente -Marlênio Silveira.
Costa não quer falar sobre o caso.
A Folha apurou que ele crê em sua
permanência, embora ache a crise
quase insuportável pessoalmente.
O governador está no exterior.
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