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Cerca separa terra seca de terra irrigada
da Agência Folha, em Itabaiana
A cerca do projeto Califórnia separa duas realidades em Canindé
do São Francisco (SE). A seca está
de um lado e a água abundante do
outro. Lotes de lavradores no projeto produzem diversas culturas
ao lado de propriedades de parentes que estão enfrentando dificuldades com a seca.
A fazenda Bela Vista está a menos de dois quilômetros de distância da área do projeto Califórnia,
no extremo norte de Sergipe.
A propriedade pertence ao marido da aposentada Maria Valdice
Santos, 66, que mora na casa da
fazenda com nove pessoas. Todas
vivem do salário mínimo que ela
recebe como aposentadoria.
O pasto da Bela Vista está cinza.
A água do barreiro (tipo de tanque
que abastece a criação) secou. O
gado está magro e algumas cabeças não têm força para ficar em pé.
Situação oposta vive o genro de
Maria Valdice. Marciano Mariano
de Souza, 42, está terminando a
construção da nova casa dentro de
seus dois hectares localizado no
projeto Califórnia.
Lá, ele produz quiabo, abóbora,
coco e mandioca. A maior parte da
produção é vendida a atravessadores, que revendem os produtos em
Aracaju (SE) e Salvador (BA).
Souza disse que agradece a Deus
por ter um lote dentro do projeto,
principalmente nesta época de seca. "Eu vejo o sofrimento dos
meus próprios parentes e sei o valor que tem um projeto desses de
trazer água para a plantação."
O lavrador disse que, com a renda de R$ 600 mensais, dá estudo
para os cinco filhos e contribui para o pagamento do trator adquirido pela associação dos moradores.
Em Itabaiana, o lavrador José
Francisco Santos Nascimento
conseguiu um dos 236 lotes que o
governo entregou dentro do projeto Jacarecica. Ele diz que teria dificuldade para criar os oito filhos
sem o atendimento que lhe proporciona a irrigação.
Enquanto parte dos seis filhos
homens trabalham cultivando pimentão e amendoim na lavoura,
os outros cuidam de comercializar
a produção na feira de Itabaiana, a
maior do interior de Sergipe.
"Eu gostaria que meus filhos
conseguissem também um lote
para eles se houvesse mais desses
projetos", diz Nascimento, que
possui casa e veículos comprados
com o trabalho na lavoura.
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