São Paulo, quarta, 13 de maio de 1998

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NORDESTE
Se condenado, líder do MST pode ficar preso por até seis meses
PF pede a prisão de Stedile, acusado de incitar saques

da Sucursal do Rio

O delegado Antônio Carlos Rayol, da Superintendência da Polícia Federal do Rio, deverá pedir hoje à Justiça Federal a prisão preventiva do líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João Pedro Stedile.
O pedido de prisão tem como base a suposta incitação a saques no Nordeste que teria sido feita por Stedile em palestra no Clube de Engenharia do Rio, no dia 5 de maio.
Após um seminário sobre reforma agrária realizado no clube, Stedile chegou a dizer que "até o Sérgio Motta, lá do inferno, deve estar a favor dos saques".
O líder do MST está sendo acusado pela PF de ter incitado e feito apologia da prática de crime, estando incurso nos artigos 286 e 287 do Código Penal. Se vier a ser condenado, poderá pegar de três a seis meses de prisão.
Stedile responde a inquérito que foi aberto na superintendência do Rio a pedido do diretor-geral da Polícia Federal, Vicente Chelotti. Segundo Rayol, a prisão do líder do MST garantiria a preservação da ordem pública.
O delegado requisitou às Superintendências da Polícia Federal de Pernambuco e do Ceará informações sobre os saques ocorridos no Nordeste, para tentar estabelecer se as declarações de Stedile contribuíram para os saques.
Rayol requisitou a emissoras de TV fitas de vídeo em que o líder do MST aparece dando declarações durante o seminário promovido no Clube de Engenharia do Rio.
As fitas apenas reforçariam as supostas provas contra Stedile, pois, segundo a Comunicação Social da PF do Rio, o delegado está convicto da prática de crime.
Segundo o serviço de Comunicação Social, caberá a Stedile, se for decretada a sua prisão preventiva, entrar na Justiça com um pedido de habeas corpus ou de relaxamento de prisão. Rayol deve encaminhar o pedido de prisão preventiva à Justiça Federal até o início da tarde de hoje.
A Folha não localizou ontem Stedile ou seu advogado, Luiz Eduardo Greenhalgh, para comentar a ação da PF.



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