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ROMBO AMAZÔNICO
Partidos não chegam a acordo sobre forma de atuação
Investigação do caso Jader
racha oposição e divide PT
DENISE MADUEÑO
VERA MAGALHÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A forma de lidar com as acusações feitas ao presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA),
rachou os partidos de oposição.
Há divergências tanto entre os
partidos do bloco de oposição como internas no PT.
A bancada do PT na Câmara
adotou um comportamento mais
duro: decidiu obstruir todas as
sessões do Congresso, que são
presididas por Jader, enquanto o
senador não se afastar do cargo
ou enquanto não for instalada
uma comissão com poderes para
investigar as denúncias de corrupção contra ele.
"Jader não tem condições de
presidir o Congresso com esse
conjunto de denúncias sem explicação", afirmou o líder do PT na
Câmara, Walter Pinheiro (BA).
Os deputados petistas ficaram
sozinhos. A proposta foi rejeitada
pelos líderes do PPS e do PDT no
Senado. Na Câmara, é consenso
na oposição obstruir a votação da
LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), mas a obstrução anti-Jader será discutida posteriormente. "Obstrução democrática é legítima. Não é esse o caso", disse o líder do PPS no Senado, Paulo Hartung (ES). "Não constrangerei o
senador a obstruir nada do governo, que ele apóia", retrucou o deputado Milton Temer (PT-RJ).
O racha ficou evidente nas conversas após as reuniões. Os senadores consideravam "vedetismo"
a proposta da Câmara, enquanto
deputados criticavam a indefinição do Senado.
A proposta de um pedido de
CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) específica para investigar as denúncias contra Jader, defendida pelo PPS e PDT do Senado, também não teve respaldo.
No final, a proposta aceita, sem
muito entusiasmo, foi a de CPI
mista, formada por deputados e
senadores, com três itens: sistema
financeiro (casos Marka, FonteCindam e Banpará), denúncias
contra Eduardo Jorge Pereira, ex-secretário-geral da Presidência, e
financiamentos de órgãos públicos (casos Sudam e TDAs -Títulos da Dívida Agrária).
Na defesa da CPI específica contra Jader, os partidos argumentaram que essa seria a melhor forma
de mostrar que a oposição se dispõe a investigar o senador, afastando um boato de acordão para
poupá-lo. O PT, que defendeu a
CPI mais ampla, argumentou que
não poderia excluir a investigação
contra o governo (prevista no requerimento da CPI da corrupção), sob pena de ser acusado de
beneficiar o Executivo.
"A ofensiva da oposição é para
apurar não só as denúncias contra
Jader, mas a corrupção de um
modo geral", disse o líder do bloco de oposição no Senado, José
Eduardo Dutra (PT-SE).
Além do pedido de CPI, a oposição vai apresentar denúncia ao
Conselho de Ética pedindo o rastreamento do suposto cheque, de
valor equivalente a US$ 4 milhões,
que teria sido entregue a Jader em
uma negociação com TDAs (Títulos da Dívida Agrária) emitidos de
forma fraudulenta.
O pedido será com base na nova
lei do sigilo bancário, que prevê
que o plenário do Senado pode,
por maioria absoluta, pedir informações protegidas por sigilo.
O caminho da proposta é tortuoso, e sua aprovação, considerada improvável: o conselho teria
de mandar um requerimento ao
plenário pedindo para rastrear o
cheque. Além disso, parte da oposição teme que, se o cheque não
for localizado, Jader ainda ganhe
uma espécie de "salvo-conduto"
do conselho.
A direção do PT está irritada
com a indefinição da bancada do
partido no Senado. Ontem, após a
reunião, deputados petistas criticavam a proposta aprovada. Hoje, o líder Luiz Inácio Lula da Silva
se encontra com Dutra para dar
apoio a ele e tentar unificar o discurso do partido no Congresso.
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