São Paulo, quarta-feira, 13 de junho de 2001

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Tourinho nega ter enviado lista sobre projetos da Sudam a senador

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

O ex-superintendente da Sudam José Arthur Guedes Tourinho negou que tivesse enviado qualquer lista sobre projetos do órgão para o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA).
Durante as investigações sobre a influência política e os desvios de verba na Sudam, a Polícia Federal apreendeu nos escritórios de Tourinho uma lista com informações sobre 26 projetos.
O papel era endereçado ao ""sen JB". A maioria dos projetos era da região de Altamira, uma das principais bases eleitorais do senador, no interior do Pará.
Altamira também é a região de atuação dos irmãos Soares, correligionários de Jader e acusados de liderar um esquema de desvio de verba para projetos da Sudam. O empresário Romildo Soares foi indiciado na semana passada sob essa acusação.
"Nunca dei nenhuma informação desse tipo para nenhum político", disse Tourinho.
A lista não está datada e ainda é objeto de investigação pela Polícia Federal e pela Procuradoria da República. Assim como ela, há uma série de documentos apreendidos em diversos Estados ainda sob análise.
O ex-superintendente foi indicado por Jader em 1996 para ocupar a chefia da Sudam. Pediu exoneração no final de 1999.
Neste ano, sindicância interna da Sudam apontou que Tourinho participou de forma irregular da liberação de verbas para o empresário José Osmar Borges, acusado de desviar mais de R$ 100 milhões da Sudam. Ex-sócio de Jader em uma fazenda no interior do Pará, Borges nega as irregularidades.
A investigação levou o governo federal a transformar a exoneração em demissão. Tourinho afirma não ter sido responsável por nenhum desvio de verba e que está sendo vítima de uma perseguição política.

"Suspeitava, só isso"
O advogado Gildo Ferraz, um dos personagens da gravação na qual é apontada a suspeita de venda de TDAs (Títulos da Dívida Agrária), que envolvia o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), negou saber sobre a fita. "Suspeitava que meus telefones estivessem grampeados, só isso", afirmou.
O telefonema entre Ferraz, que já foi procurador da República, seu antigo cliente Serafim Rodrigues de Moraes, ex-dono do Agrobanco, e a mulher dele, Vera Arantes Campos, aconteceu há cerca de um mês. Ele foi divulgado na edição da revista "IstoÉ" desta semana.
Gildo Ferraz, que move uma ação contra Jader sobre a compra da emissora de televisão RBA (Rede Brasil Amazônia), disse que ligou para Moraes para confirmar a história de que quem estava por trás das vendas das TDAs, que custaram US$ 4 milhões ao antigo dono do Agrobanco, seria um irmão do presidente do Senado.
"Foi quando eles disseram que, na verdade, era o próprio Jader", disse Gildo Ferraz.


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