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SUCESSÃO NO ESCURO
Governador do Rio, pré-candidato a presidente, quer cobrar perdas na arrecadação de ICMS no Estado
Garotinho dá início
a campanha e move
ação contra apagão
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
O governador do Rio, Anthony
Garotinho (PSB), assinou ontem
uma ação civil contra a União, cobrando perdas com arrecadação
de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços),
provocadas pelo racionamento de
energia. A ação, com pedido de
antecipação de tutela, será apresentada hoje ao STF (Supremo
Tribunal Federal).
Garotinho, que é pré-candidato
à Presidência, tentou se diferenciar de outros presidenciáveis, em
entrevista pouco antes de se juntar ao ato contra o apagão, no centro do Rio. Ele atacou Itamar
Franco (PMDB), Ciro Gomes
(PPS) e o PT.
A ação do governo do Estado
pede que a parcela da dívida com
a União, paga mensalmente, seja
diminuída de 13% para 6,4% da
receita líquida do Estado. Essa
medida, segundo Garotinho,
compensaria os aproximadamente R$ 44,5 milhões que deixarão
de ser arrecadados com o racionamento de energia.
Caso a antecipação de tutela seja
concedida, já este mês a parcela
paga à União será de cerca de R$
43 milhões. "Isso é uma medida
para defender a economia do Estado. Não estamos deixando de
pagar a dívida, tudo será pago
posteriormente", disse.
De acordo com o procurador-geral do Estado, Francesco Comte, a medida é constitucional e
"certamente será concedida".
Mesmo afirmando não se tratar
de uma medida política, Garotinho conclamou outros governadores a fazerem o mesmo. "Não é
justo que eles suportem sozinhos
as perdas de receitas."
O governador também disse
que a medida não é contra o racionamento. "Não queremos que
ela seja encarada como a tomada
por outros governadores para
prejudicar o país", disse, referindo-se indiretamente ao governador de Minas Gerais.
De manhã, em São Paulo, Garotinho havia feito críticas a Itamar
Franco. "O discurso dele é um estímulo a uma situação de caos,
com a qual eu não posso concordar. Não devemos confundir oposição ao governo com oposição ao
país", afirmou.
Segundo o governador do Rio,
Itamar e Ciro Gomes fazem parte
de uma oposição maquiada, que
ele chamou de "Helena Rubinstein". A mesma definição foi dada
ao governo de Fernando Henrique Cardoso.
O PT foi outro alvo de críticas.
"O programa de governo do PT é
muito fraco, suas propostas são
inconsistentes. Eles não estão preparados para assumir o governo",
disse. Para Garotinho, o PT "está
se moldando para se tornar mais
palatável e Lula está se tornando
mais liberal".
Colaborou ELVIRA LOBATO,
em São Paulo
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