São Paulo, quarta-feira, 13 de junho de 2001

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JANIO DE FREITAS

A tática cega

Por menos que sejam conclusivos e definitivos os elementos de acusação ao senador Jader Barbalho, a sucessão de casos em que vem aparecendo compromete, aí sim, de modo conclusivo e definitivo os comandos do PSDB, do PFL e, claro, do PMDB, que bloqueiam um procedimento investigatório pela razão única de atender a conveniência do governo. O Senado e o Congresso, já desprovidos de crédito moral, que paguem a conta e a descontem no enganoso saldo feito pela impotência da opinião pública.
A direção do PT, por seu lado, evidencia pensar mais nas aparências do que no problema. Cobrar dos seus senadores que não hajam requerido uma CPI para Jader Barbalho só não inócuo, porque desgastante, para os próprios senadores petistas. O governo está pagando as dívidas feitas no abafamento da CPI da corrupção e Fernando Henrique Cardoso está bancando Jader Barbalho.
Tem razão o senador José Eduardo Dutra na preferência por investir esforço em busca da última assinatura necessária ao segundo requerimento de CPI da corrupção. Nem essa se mostrou objetivo fácil, havendo 55 senadores que não assinaram contra 26 que o fizeram, quanto mais a obtenção de 27 signatários.
A pressão dos dirigentes do PT pode levar seus senadores a aceitarem a apresentação do caso Jader Barbalho ao Conselho de Ética. Solução inútil, corrosiva e protetora da atual situação. O caso não depende de depoimentos e acareações, mas de investigações que o conselho não tem poderes para fazer. Logo, os senadores petistas ficam como proponentes aventureiros de um procedimento que só poderá ser inconclusivo, se não concluir pela inocência mesmo incomprovada, e os governistas poderão alegar que "tudo está investigado", como diz Fernando Henrique sobre soluções semelhantes.
Os fatos e o correr dos dias não confirmam a convicção dos governistas de que, solucionado o caso do painel eletrônico, o problema Jader Barbalho começaria a dissolver-se. Está se agravando e há indicações claras de que vem mais por aí. Os governistas, pelo visto, estão dispostos a deixar que o caso chegue ao ponto em que transbordaria para o descontrole. É, historicamente, a tática da incompetência política.


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