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JANIO DE FREITAS
A tática cega
Por menos que sejam conclusivos e definitivos os elementos de acusação ao senador
Jader Barbalho, a sucessão de
casos em que vem aparecendo
compromete, aí sim, de modo
conclusivo e definitivo os comandos do PSDB, do PFL e, claro, do PMDB, que bloqueiam
um procedimento investigatório
pela razão única de atender a
conveniência do governo. O Senado e o Congresso, já desprovidos de crédito moral, que paguem a conta e a descontem no
enganoso saldo feito pela impotência da opinião pública.
A direção do PT, por seu lado,
evidencia pensar mais nas aparências do que no problema. Cobrar dos seus senadores que não
hajam requerido uma CPI para
Jader Barbalho só não inócuo,
porque desgastante, para os
próprios senadores petistas. O
governo está pagando as dívidas feitas no abafamento da
CPI da corrupção e Fernando
Henrique Cardoso está bancando Jader Barbalho.
Tem razão o senador José
Eduardo Dutra na preferência
por investir esforço em busca da
última assinatura necessária ao
segundo requerimento de CPI
da corrupção. Nem essa se mostrou objetivo fácil, havendo 55
senadores que não assinaram
contra 26 que o fizeram, quanto
mais a obtenção de 27 signatários.
A pressão dos dirigentes do PT
pode levar seus senadores a
aceitarem a apresentação do caso Jader Barbalho ao Conselho
de Ética. Solução inútil, corrosiva e protetora da atual situação.
O caso não depende de depoimentos e acareações, mas de investigações que o conselho não
tem poderes para fazer. Logo, os
senadores petistas ficam como
proponentes aventureiros de
um procedimento que só poderá
ser inconclusivo, se não concluir
pela inocência mesmo incomprovada, e os governistas poderão alegar que "tudo está investigado", como diz Fernando
Henrique sobre soluções semelhantes.
Os fatos e o correr dos dias não
confirmam a convicção dos governistas de que, solucionado o
caso do painel eletrônico, o problema Jader Barbalho começaria a dissolver-se. Está se agravando e há indicações claras de
que vem mais por aí. Os governistas, pelo visto, estão dispostos
a deixar que o caso chegue ao
ponto em que transbordaria para o descontrole. É, historicamente, a tática da incompetência política.
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