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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Subsecretário do Tesouro americano elogia fundamentos econômicos do Brasil e atribui turbulências às eleições
EUA dizem esperar "governo clone" de FHC
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Os EUA "esperam muito" que o
próximo presidente brasileiro
mantenha a mesma disciplina fiscal e o controle de inflação implementados durante o governo
FHC. A mensagem foi divulgada
ontem pelo subsecretário para assuntos internacionais do Tesouro
dos EUA, John Taylor, para quem
a presente turbulência nos mercados brasileiros foi causada por
"incertezas políticas com relação
às eleições de outubro".
O subsecretário disse, no entanto, que essas incertezas devem sumir com o tempo. "Os fundamentos de política econômica do Brasil permanecem bons, e as incertezas dos mercados financeiros
com relação às eleições deverão se
acalmar com o tempo", afirmou
ele em entrevista a agências de notícias em Washington.
Taylor destacou especialmente
as metas de inflação e o superávit
fiscal primário entre os fundamentos que deveriam ser preservados por quem assumir o governo brasileiro em janeiro de 2003.
"Espero muito que esses fundamentos permaneçam, independentemente de quem for eleito",
disse. "Os efeitos nos mercados...
virtualmente todas as pessoas dizem que eles estão relacionados
com incertezas sobre as eleições...
desaparecerão com o tempo."
Segundo o subsecretário, as metas de inflação alcançaram sucesso ao impedir que o aumento descontrolado de preços "voltasse a
ser um fator desestabilizador, como era no Brasil nos anos anteriores". Taylor disse que o governo
brasileiro "continua progredindo
na redução do déficit fiscal", indicando que, para os EUA, trata-se
de uma tarefa não concluída e que
poderá exigir esforço complementar. Ele não fez qualquer referência à dívida pública brasileira.
Dentro da administração do
presidente George W. Bush, Taylor é o principal funcionário responsável pelo acompanhamento
das finanças internacionais. Junto
com seu chefe direto (o secretário
do Tesouro, Paul O'Neill), Taylor
desenhou a política "linha-dura"
dos EUA para a Argentina. Essa
política pauta as negociações do
FMI com o presidente Eduardo
Duhalde. "Estamos observando
de perto o Brasil", disse Taylor.
"Assim como a Argentina, o Uruguai e os outros países da região".
Da mesma forma que fizeram
outras autoridades americanas
recentemente, Taylor evitou
mencionar nomes de candidatos
brasileiros ou associar diretamente a responsabilidade fiscal do
atual governo a algum partido.
Segundo disse à Folha um funcionário da administração americana, tal cuidado visa evitar acusações de interferência dos EUA
no processo eleitoral brasileiro e
preservar as relações da Casa
Branca, do Departamento de Estado e do Tesouro com o próximo
presidente, seja ele quem for.
O funcionário afirmou que nenhuma autoridade americana deverá repetir frases como as do megainvestidor George Soros, que
disse que os mercados obrigarão
o Brasil a tomar só duas opções:
eleger José Serra (PSDB) ou a
mergulhar no caos com a vitória
de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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