São Paulo, quarta-feira, 13 de junho de 2007

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Lula diz que Vavá é ingênuo, mas não esclarece "bronca"

Presidente afirma que não cabe a delegado da PF passar informações à imprensa

Em entrevista na noite de ontem, Lula chama Vavá de "lambari" e não tira dúvidas sobre advertência feita a ele por outro irmão, Frei Chico


CATIA SEABRA
ClAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ontem a defender seu irmão mais velho, Genival Inácio da Silva, o Vavá. Criticando a atuação da Polícia Federal, o presidente chegou a duvidar que Vavá tenha feito lobby "na vida". Lula não esclareceu, porém, por que outro irmão deles, Frei Chico, advertiu Vavá em 20 de maio sobre uma "bronca" relacionada a atividades dele em Brasília e disse que o presidente queria vê-lo.
Chamando os investigados de vítimas, Lula condenou informações saídas da PF, que na semana passada indiciou Vavá ao deflagrar a Operação Xeque-Mate, contra um esquema de bingos e caça-níqueis. "Esse processo é sigiloso, me parece, só para quem é vítima. Aos olhos do mundo, a imprensa parece que recebe uma informação primeiro que o juiz, quem sabe até antes que o Ministério Público", atacou.
O presidente atribuiu o vazamento de informações à disputa política dentro da Polícia Federal. "Na medida em que a PF é uma instituição que tem um poder enorme, aumenta a responsabilidade. Não é possível que haja problemas internos dentro da PF, e esses problemas internos tenham como vítima o trabalho legal que ela faz", declarou.
Após afirmar que o papel do delegado é investigar e passar as informações para o Ministério Público, acrescentou: "Não cabe ao delegado passar para a imprensa. O que tenho percebido é que, dependendo se houver briga política, as pessoas vão pingando para um jornal uma coisa, para outro jornal outra coisa".
Segundo Lula, a PF, ao pedir quebra de sigilos telefônicos, "se prepara para encontrar um cardume de pintados". "O Vavá, nessa história, me parece mais um lambari que foi pego. Qual é a vantagem? É um lambari especial porque é irmão do presidente", disse ele, acrescentando, porém, que, como qualquer cidadão brasileiro, o Vavá, na hora que comete um erro, tem de pagar.
As declarações foram dadas em uma tumultuada entrevista que começou às 19h20 em um hotel de Guarulhos, antes da abertura do 7º Congresso Nacional dos Metalúrgicos da CUT.
Ainda na entrevista, Lula repetiu-se na defesa de seu irmão mais velho. "Se vocês conhecerem o Vavá, ele está mais para ingênuo do que para lobista."
Questionado se havia recomendado que Frei Chico repreendesse Vavá, limitou-se a dizer que visitara o irmão mais velho . "Fui ao Vavá faz mais ou menos 15 dias. Achei o Vavá um pouco abatido. Achei, na verdade, ele envelhecido. Fui visitar ele e mais duas irmãs. A próxima vez que eu for a São Paulo vou visitá-lo outra vez", disse o presidente.
Para constestar a acusação de lobby, Lula desafiou: "Quero saber se há algum atendimento, se há alguma coisa do Vavá em algum órgão do governo". Fez uma ressalva e a seguir, outra: "Obviamente que aqui pode estar a paixão de um irmão. Mas eu conheço ele há 61 anos. Duvido. Não acredito".
Sobre o telefonema entre Frei Chico e Vavá, afirmou apenas: "O Frei Chico conversou com o Vavá. Quero mais que conversem. São irmãos, têm mais que conversar".


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