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São Paulo, domingo, 13 de julho de 2003

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NA EUROPA

Segundo assessor especial da Presidência, Brasil incluiu proposta em documento final sobre o encontro de Londres

Lula participa hoje de reunião da Terceira Via

MARIA LUIZA ABBOTT
DE LONDRES

Apesar de o assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, dizer que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não faz parte da Terceira Via, o governo brasileiro está participando da elaboração do documento final da reunião da cúpula da Governança Progressista que começou anteontem, em Londres, e da qual Lula participa hoje.
A pedido do Brasil, foi incluído no texto uma frase em que os membros da Terceira Via apóiam "novas discussões sobre o fundo internacional de combate à fome" proposto por Lula. "Alguns acham que o documento é o mais importante. Para nós, o mais importante é vir à reunião e o presidente Lula apresentar sua agenda para o mundo, que é centrada nas questões sociais", disse Garcia.
Mas ainda houve muitas divergências sobre o documento, que será assinado pelos 15 chefes de Estado e/ou de governo que participam do encontro. O Brasil se opõe à proposta britânica de um apoio mais explícito ao chamado direito de proteção dos países.
Segundo o assessor, embora a discussão não trate abertamente da teoria do ataque preventivo defendida pelos Estados Unidos, essa é a questão de fundo, e o Brasil não concorda em avançar no tema. "O princípio de não intervenção faz parte da política externa do país há muito tempo", segundo ele, e não há motivos para avançar na discussão porque nem na ONU o assunto está maduro.
Lula participa hoje do seu primeiro compromisso na reunião da Terceira Via, fazendo um discurso rápido no Simpósio Público, com outros oito governantes, na sede do encontro, no hotel Hilton Metropole, em Londres. Antes disso, visita o Pavilhão Niemeyer, obra do arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, e depois tem um encontro com o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, anfitrião da conferência. Na agenda com Blair, a reforma do Conselho de Segurança da ONU, proposta pelos britânicos, e o possível apoio à candidatura do Brasil a uma vaga permanente no conselho.
Ontem, durante a reunião da cúpula da Governança Progressista, o ex-presidente americano Bill Clinton propôs a criação de nova linha de financiamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) ou do Banco Mundial para que os países em crise possam fazer as chamadas políticas anticíclicas, ou seja, adotar medidas de estímulo ao crescimento com os ajustes econômicos. "Seriam novas linhas no FMI ou no Banco Mundial para dar recursos aos países que precisam adotar políticas anticíclicas, com prazos de pagamento de 30 anos, a custo mais baixo ou mesmo que os países não paguem, desde que adotem determinadas medidas", disse.
Pouco antes, o presidente do Chile, Ricardo Lagos, também em discurso, fez pesadas críticas ao FMI por impor aos países políticas de ajuste que agravavam o declínio de suas economias.


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