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São Paulo, domingo, 13 de julho de 2003

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MULTIMÍDIA

The Guardian de Londres

Em artigo, Lula ataca antecessores

INGLATERRA - "Realismo político não significa que nós abandonamos nossos sonhos". Com esse título, foi publicado ontem, no jornal inglês "The Guardian", um artigo assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula afirma no texto que, após seis meses de governo, as condições foram criadas para que o Brasil volte a crescer. Também posiciona a sua política internacional como voltada à América do Sul e aos países em desenvolvimento -enquanto defende o multilateralismo e um "relacionamento maduro" com os EUA e a Europa-, ataca o fluxo incontrolado de capital financeiro e o protecionismo, e explica a crise de seu partido como expressão de democracia interna.
Para ele, as medidas que tomou até agora são fruto do "realismo político", mas que nada o fará esquecer os sonhos da esquerda e os desejos de seus eleitores.
Em uma referência aos governos anteriores, sem citá-los, Lula afirmou que "desde 1990, o Brasil, foi um laboratório de receitas econômicas desastrosas que afetaram sua capacidade produtiva, desmantelaram o tecido social, enfraqueceram o poder regulatório do Estado e aumentaram sua vulnerabilidade em relação às pressões externas". "Nós herdamos um fardo pesado."
Para ele, o novo governo conseguiu vencer a situação e evitar o colapso econômico. "Disciplina fiscal, altas taxas juros no curto prazo, uma política de exportação agressiva e a reforma da previdência ajudaram a reviver a economia e a confiança nacional e internacional", afirma. Os resultados de sua política econômica, afirma Lula em seu artigo, "criaram condições para, em seis meses, o retorno ao crescimento do país e do emprego".
Na área externa, Lula fala da importância do papel regulatório do Estado na economia -citando os exemplos de fracasso que a globalização impôs a alguns países. E afirma que "a retórica do livre mercado contradiz as práticas protecionistas dos países ricos".
O fluxo de capital financeiro sem controle pode, segundo afirma, "desestabilizar um país em horas". Para Lula, é preciso uma nova política internacional que torne o mundo "mais justo e democrático". "Deve-se dar um fim à anarquia financeira internacional e às pressões que exerce sobre os países em desenvolvimento".
Na ordem de prioridades internacionais, o presidente coloca a América do Sul como principal objetivo, com uma agenda de "integração econômica e um futuro de moeda comum". O segundo alvo é a África e o mundo árabe. "A criação do grupo G3 pelo Brasil, Índia e África do Sul representa um passo decisivo no fortalecimento das relações sul-sul, enquanto solidificamos um relacionamento maduro com os EUA e a Europa", defende.
Numa clara intenção de explicar a crise de seu partido, o presidente afirma que "o PT se define como um partido socialista de esquerda e de massas que é democrático em sua organização interna".
Para Lula, o "realismo político não deve ser entendido como uma justificativa para abandonar os sonhos em que está baseado o pensamento de esquerda".


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