São Paulo, Terça-feira, 13 de Julho de 1999
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REFORMA MINISTERIAL
Governador de SP diz que ministro da Justiça não é "bom" e contestou autoridade de FHC
Covas defende a saída de Calheiros

PAULO MOTA
em São Paulo

O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), defendeu ontem a saída do ministro da Justiça, Renan Calheiros, do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Covas citou dois motivos para defender a saída do ministro. O primeiro é que não considera Calheiros um "bom" ministro. O segundo -"decisivo", para Covas- é o episódio que resultou na nomeação do delegado João Batista Campelo como diretor-geral da Polícia Federal, no qual, segundo Covas, Calheiros teria contestado a autoridade de FHC para fazer a indicação.
"Um ministro não pode contestar a autoridade de um presidente, assim como um secretário não pode contestar a minha", disse.
Covas afirmou que, ao pedir a saída de Calheiros, não significa que ele esteja defendendo o afastamento do PMDB do governo -o ministro é um dos nomes do partido. "Eu não acho que o presidente deva dispensar os partidos que são aliados a ele, nada disso", declarou.
O governador paulista disse que o presidente deve fazer uma reforma ministerial "rápida e rasteira", de forma a deixar o governo mais com a "cara" dele (FHC). "A reforma ministerial deve servir também para deixar bem claro que é o presidente quem manda no país", afirmou.
Covas também disse que não pretende dar sugestões de nomes para a reforma ministerial. "O presidente não dá sugestões sobre o meu secretariado, por que é que vou dar sugestões no ministério dele?", declarou.
O governador paulista disse que deve participar da reunião dos governadores, prevista para o próximo dia 15, em Aracaju (SE), mas que não acredita que o encontro possa resultar em uma plataforma única.
Segundo Covas, a questão do FEF (Fundo de Estabilização Fiscal), por exemplo, afeta São Paulo e os Estados nordestinos de forma diferente, o que dificultaria uma posição unificada.

Eleições
Covas disse ainda que o PSDB deve lançar candidato próprio na disputa pela Prefeitura de São Paulo, no próximo ano.
O governador afirmou que admite uma coligação de seu partido com o PT no segundo turno, mas que não vê razões para o líder petista Luís Inácio Lula da Silva cobrar uma retribuição do apoio que o PT deu a ele no segundo turno da sua eleição para o governo estadual em 1998.
"Seria a mesma coisa que eu invocar a obrigação moral e ética do PT em apoiar o candidato do PSDB porque eu apoiei o Lula na campanha para presidente da República, em 1989", disse Covas.


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