São Paulo, Terça-feira, 13 de Julho de 1999
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MEMÓRIA
Filho viajou ontem para decidir destino das cinzas do pai
Corpo de Julião, morto no sábado, é cremado no México

Luciana Whitaker - 12.jul.94/Folha Imagem
O líder das Ligas Camponesas Francisco Julião ao lado da mulher, a mexicana Marta Ortiz


do enviado especial a Brasília

da Agência Folha

O corpo do líder das Ligas Camponesas Francisco Julião, morto no sábado no México, foi cremado domingo naquele país. Segundo a Embaixada do Brasil, a informação foi passada pela viúva de Julião, a mexicana Marta Ortiz.
Julião, 84, morreu ao meio-dia do último sábado na cidade de Cuernavaca, vítima de um infarto.
Anatólio Julião, filho de Francisco e articulador político do PDT em Pernambuco, viajou ontem ao México com passagens cedidas pelo líder nacional do partido, Leonel Brizola.
Anatólio foi tratar do destino a ser dado às cinzas de seu pai, que era amigo pessoal de Brizola.
Segundo o antropólogo e também filho de Julião Anacleto Julião, foi o próprio Brizola quem lhe telefonou ainda no sábado à noite para lhe informar que providenciaria as passagens, a partir do Rio.
No México, Anatólio vai se reunir com amigos de seu pai para saber se, durante o período em que viveu naquele país, ele teria dito onde gostaria que fossem colocadas as suas cinzas.
Francisco Julião morou 16 anos no México, 14 deles como exilado, após ser preso durante o regime militar (leia abaixo).
A família, disse o antropólogo, gostaria de trazer as cinzas de seu pai ao Brasil. Há cerca de 20 anos, disse Anacleto, Julião declarou à sua irmã Zita que gostaria que suas cinzas fossem espalhadas em uma fazenda no interior de Pernambuco.
"Trazer as cinzas de meu pai para Pernambuco é o nosso desejo, mas isso só vai acontecer se ele não fez nenhuma outra referência sobre o assunto no México", afirmou Anacleto.
Francisco Julião tem seis filhos no Brasil, quatro deles com a ex-mulher, Alexina, 75, de quem se separou em 1963.
Alexina, que mora em Recife, foi hospitalizada domingo com problemas respiratórios. Segundo a família, não há relação entre a doença e a morte do ex-marido.


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