São Paulo, Terça-feira, 13 de Julho de 1999
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Líder pregava posse de terra "na marra"

da Redação

Francisco Julião foi o fundador e principal líder das Ligas Camponesas do Nordeste. O movimento, iniciado em 1955, pregava a posse da terra "na lei ou na marra", defendia a reforma agrária e chegou a patrocinar algumas invasões de propriedades rurais.
Julião foi eleito deputado federal em 1962, mas teve seu mandato cassado em 1964, com o início do regime militar, acusado de disseminar ideais comunistas e ser agitador político no Nordeste.
Após a cassação de seu mandato, Julião foi preso, ficando quase um ano e meio na prisão. Conseguiu um habeas corpus, e se exilou no México, onde permaneceu por 14 anos.
Em 1979, com o fim do regime militar e o processo de abertura política, voltou ao país e acabou adotando uma postura política mais branda.
Chegou a se aliar aos usineiros, seus inimigos na década de 60, firmando um pacto em que eles dariam 10% de suas terras para os trabalhadores rurais, que ficou conhecido como "Pacto da Galiléia".
Apoiou o candidato derrotado José Múcio, contra o Miguel Arraes, representante da esquerda, para as eleições estaduais pernambucanas de 1986.
Julião, ao comparar as Ligas Camponesas com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), dizia serem completamente diferentes.
Para ele, a situação dos camponeses nordestinos nas décadas de 50 e 60 era "pré-feudal", e as Ligas Camponesas faziam um "trabalho de conscientização", o que não é o objetivo principal, segundo ele, do MST.
Em 1988, se candidatou à constituinte, mas não foi eleito. Em 1996, Julião voltou ao México, onde vivia.


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