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Colonos e índios dividem área no Pará
DA AGÊNCIA FOLHA,
NA RESERVA ALTO RIO GUAMÁ
Cerca de 60% da reserva Alto
Rio Guamá, de 2.790 km2, está invadida, segundo o líder da aldeia
São Pedro, Clemente Tembé, 50.
Reconhecida desde 1943 e homologada em 1993, a reserva passou por várias intervenções governamentais e invasões de pessoas interessadas nas riquezas naturais da reserva, que fica no nordeste paraense. Um dos golpes
aconteceu no mesmo ano da homologação, quando foi criado o
município de Nova Esperança do
Piriá, que tem 70% dos seus 2.192
km2 dentro da reserva.
A área invadida divide o povo
indígena. Do lado esquerdo da reserva, às margens do rio Guamá,
estão 12 aldeias tembés. Do lado
direito, às margens do rio Gurupi,
estão 15 aldeias onde vivem caapor, tembés e mundurucus.
No centro da reserva existem
nove vilas de pequenos agricultores. São eles que ajudam os madeireiros da região a extrair madeira da área, segundo o madeireiro Elço José de Lourenço.
"Aqui no Piriá ou a gente tira madeira da Funai ou não trabalha",
disse ele. Para Lourenço, os índios
têm terra demais em área onde
nunca viveram. "Além do mais, a
maioria já não é mais índio."
Hoje, a maioria dos tembés não
fala a língua dos seus antepassados e também perdeu costumes
como caçar e pescar. Mesmo assim, eles se consideram vencedores. "Em 1945, éramos apenas 40
do lado do Guamá, hoje somos
1.100", disse Clemente.
Os líderes tembés de hoje procuram resgatar os costumes dos
antepassados, buscando ter aulas
da língua com os índios que ainda
a falam. Chegaram até a proibir
casamentos com brancos e negros. "Para sobreviver, acabamos
nos misturando. Agora a história
é outra."
(LI)
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