São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2000


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Colonos e índios dividem área no Pará

DA AGÊNCIA FOLHA,

NA RESERVA ALTO RIO GUAMÁ

Cerca de 60% da reserva Alto Rio Guamá, de 2.790 km2, está invadida, segundo o líder da aldeia São Pedro, Clemente Tembé, 50.
Reconhecida desde 1943 e homologada em 1993, a reserva passou por várias intervenções governamentais e invasões de pessoas interessadas nas riquezas naturais da reserva, que fica no nordeste paraense. Um dos golpes aconteceu no mesmo ano da homologação, quando foi criado o município de Nova Esperança do Piriá, que tem 70% dos seus 2.192 km2 dentro da reserva.
A área invadida divide o povo indígena. Do lado esquerdo da reserva, às margens do rio Guamá, estão 12 aldeias tembés. Do lado direito, às margens do rio Gurupi, estão 15 aldeias onde vivem caapor, tembés e mundurucus.
No centro da reserva existem nove vilas de pequenos agricultores. São eles que ajudam os madeireiros da região a extrair madeira da área, segundo o madeireiro Elço José de Lourenço. "Aqui no Piriá ou a gente tira madeira da Funai ou não trabalha", disse ele. Para Lourenço, os índios têm terra demais em área onde nunca viveram. "Além do mais, a maioria já não é mais índio."
Hoje, a maioria dos tembés não fala a língua dos seus antepassados e também perdeu costumes como caçar e pescar. Mesmo assim, eles se consideram vencedores. "Em 1945, éramos apenas 40 do lado do Guamá, hoje somos 1.100", disse Clemente.
Os líderes tembés de hoje procuram resgatar os costumes dos antepassados, buscando ter aulas da língua com os índios que ainda a falam. Chegaram até a proibir casamentos com brancos e negros. "Para sobreviver, acabamos nos misturando. Agora a história é outra." (LI)



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