São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LIGAÇÕES

Relatório do banco aponta que operação com ex-coordenador de Ciro foi uma das várias causas da quebra do Bamerindus

Martinez deve R$ 73 mi a banco, diz BC

WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado federal José Carlos Martinez (PTB-PR), ex-coordenador de campanha do presidenciável Ciro Gomes (PPS-PTB-PDT), e suas empresas deram calote de R$ 73,5 milhões no Banco Bamerindus, em 1996, segundo relatório de fiscalização do Banco Central (BC).
O documento, obtido pela Folha, aponta a operação como uma das várias causas da quebra do banco, ocorrida no ano seguinte. Uma comissão de inquérito apurou as razões da falência do banco e listou operações duvidosas e irregularidades que minaram a solidez financeira da instituição.
Martinez deixou a coordenação da campanha de Ciro na semana retrasada, após ser revelado que paga até hoje a parentes de Paulo César Farias parcelas de uma dívida contraída com o ex-terouseiro de Fernando Collor de Mello.
Segundo o documento do BC, o Grupo Martinez devia R$ 27,75 milhões ao Bamerindus. A garantia eram notas promissórias assinadas pelo deputado e por seu irmão Flávio Martinez. Em março de 96, o grupo propôs uma renegociação. Deu "promessa de pagamento em Títulos da Dívida Agrária [TDAs] a serem emitidos pelo Incra". Detalhe: o Incra emitiria esses títulos caso a Justiça Federal assim determinasse numa ação de desapropriação em curso e "sem prazo previsto para decisão", diz o relatório do BC.
Os "direitos" na ação cedidos ao Bamerindus foram declarados pelo grupo em R$ 73,5 milhões. Como a dívida com o banco era menor, o Bamerindus entregou em dinheiro a diferença de R$ 45,75 milhões. A soma, segundo o relatório, foi utilizada "para o pagamento de dívidas com outras empresas ligadas ao Bamerindus e, ainda, para comprar (ou recomprar) participação acionária em várias empresas de televisão, de cujo capital empresas ligadas ao Bamerindus participavam".
Como cabe ao BC investigar a conduta de administradores de instituições financeiras -não de devedores-, a comissão recomendou a punição de funcionários do Bamerindus por "gestão fraudulenta" e "gestão temerária". Não cabe ao BC sugerir punições ao Grupo Martinez. Mas caberá ao erário assumir a dívida.
Os empréstimos do banco foram a principal fonte de recursos de Martinez na compra de suas empresas de comunicação, hoje reunidas na rede CNT. Ele também deve R$ 10 milhões à Caixa Econômica Federal. A dívida está sendo executada na Justiça.

Contratação
Foi acertada a contratação do jornalista Luís Costa Pinto, 33, para coordenar a comunicação social do comitê de Ciro em Brasília.
Sua missão é profissionalizar a assessoria de imprensa da campanha e melhorar o relacionamento do candidato com os jornalistas.



Texto Anterior: Fora do Ar: Platéia ironiza desempenho de "pequenos"
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.