|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LIGAÇÕES
Relatório do banco aponta que operação com ex-coordenador de Ciro foi uma das várias causas da quebra do Bamerindus
Martinez deve R$ 73 mi a banco, diz BC
WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado federal José Carlos
Martinez (PTB-PR), ex-coordenador de campanha do presidenciável Ciro Gomes (PPS-PTB-PDT), e suas empresas deram calote de R$ 73,5 milhões no Banco
Bamerindus, em 1996, segundo
relatório de fiscalização do Banco
Central (BC).
O documento, obtido pela Folha, aponta a operação como uma
das várias causas da quebra do
banco, ocorrida no ano seguinte.
Uma comissão de inquérito apurou as razões da falência do banco
e listou operações duvidosas e irregularidades que minaram a solidez financeira da instituição.
Martinez deixou a coordenação
da campanha de Ciro na semana
retrasada, após ser revelado que
paga até hoje a parentes de Paulo
César Farias parcelas de uma dívida contraída com o ex-terouseiro
de Fernando Collor de Mello.
Segundo o documento do BC, o
Grupo Martinez devia R$ 27,75
milhões ao Bamerindus. A garantia eram notas promissórias assinadas pelo deputado e por seu irmão Flávio Martinez. Em março
de 96, o grupo propôs uma renegociação. Deu "promessa de pagamento em Títulos da Dívida
Agrária [TDAs] a serem emitidos
pelo Incra". Detalhe: o Incra emitiria esses títulos caso a Justiça Federal assim determinasse numa
ação de desapropriação em curso
e "sem prazo previsto para decisão", diz o relatório do BC.
Os "direitos" na ação cedidos ao
Bamerindus foram declarados
pelo grupo em R$ 73,5 milhões.
Como a dívida com o banco era
menor, o Bamerindus entregou
em dinheiro a diferença de R$
45,75 milhões. A soma, segundo o
relatório, foi utilizada "para o pagamento de dívidas com outras
empresas ligadas ao Bamerindus
e, ainda, para comprar (ou recomprar) participação acionária
em várias empresas de televisão,
de cujo capital empresas ligadas
ao Bamerindus participavam".
Como cabe ao BC investigar a
conduta de administradores de
instituições financeiras -não de
devedores-, a comissão recomendou a punição de funcionários do Bamerindus por "gestão
fraudulenta" e "gestão temerária". Não cabe ao BC sugerir punições ao Grupo Martinez. Mas caberá ao erário assumir a dívida.
Os empréstimos do banco foram a principal fonte de recursos
de Martinez na compra de suas
empresas de comunicação, hoje
reunidas na rede CNT. Ele também deve R$ 10 milhões à Caixa
Econômica Federal. A dívida está
sendo executada na Justiça.
Contratação
Foi acertada a contratação do
jornalista Luís Costa Pinto, 33, para coordenar a comunicação social do comitê de Ciro em Brasília.
Sua missão é profissionalizar a
assessoria de imprensa da campanha e melhorar o relacionamento
do candidato com os jornalistas.
Texto Anterior: Fora do Ar: Platéia ironiza desempenho de "pequenos" Próximo Texto: Frase Índice
|