São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 2002

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FORA DO AR

Partidários dos principais candidatos criticam declarações esdrúxulas em debate na TV

Platéia ironiza desempenho de "pequenos"

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

"E alfafa, nasce?" O debate da Rede Bandeirantes já ia terminando quando o pefelista Cláudio Lembo sussurrou a pergunta para o tucano José Aníbal.
Da platéia, os dois escutavam, irritados, o vereador evangélico Carlos Apolinário defender, na mesa dos debatedores, as virtudes da "abençoada" terra local: "São Paulo é um Estado onde, se você plantar arroz e feijão em plena Praça da Sé, nasce".
Reflexões do gênero marcaram anteontem o confronto entre 9 dos 10 candidatos ao governo paulista. No vídeo, os representantes dos pequenos partidos -como Apolinário, do PGT- derrapavam em declarações esdrúxulas. Fora do ar, mas ainda dentro do estúdio, um público de 150 convidados reagia com sorrisos amarelos, muxoxos, umas poucas risadas e muitos, muitos comentários irônicos.
"Sou político há anos", explicava Aníbal, presidente do PSDB, "e nunca ouvi falar daquele ali." "Aquele ali", Robson Malek, pretende se tornar governador pelo Prona. Abraçado à esgarçada bandeira da moral e bons costumes, fechou a noite prometendo tomar medidas "energéticas" caso eleito.
"Pois é", prosseguia Aníbal. "Um vai tomar medidas "energéticas", o outro propõe reorganizar a administração estadual de acordo com as bacias hidrográficas... Não dá. Assim a audiência despenca." De fato. O debate atingiu média de apenas 4 pontos (ou 188 mil domicílios) na Grande São Paulo. Um domingo antes, o encontro entre presidenciáveis alcançara média de 9.
"Disseram-me que o Ibope está baixo. Verdade?", indagava Romeu Tuma (PFL), que pleiteia uma vaga no Senado. "É o tal negócio... Falta conflito lá na bancada." O "xerife", então, sentiu certo banzo de Paulo Maluf, o ausente. "Se ele tivesse aparecido, pelo menos os malufistas iriam assistir, né?" Mal terminou a frase, os candidatos Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Morais (PMDB) iniciaram intenso bate-boca. Tuma se animou: "Forte, hein? Agora vai!".
Enquanto observava o pai discutir com o autor de "Chatô", Sophia Alckmin remexia-se, apreensiva. Se avaliava que o governador desferia golpes certeiros contra o concorrente, exclamava, baixinho: "Yeeeeessss!".
Um dos ataques de Alckmin visava indiretamente Orestes Quércia, padrinho político de Morais. O cacique do PMDB, porém, mantinha-se impassível na platéia. Sereno, converteu-se em alvo de inusitado beija-mão.
Primeiro, recebeu cumprimentos do presidenciável tucano José Serra. No final do programa, foi a vez de a petista Marta Suplicy procurá-lo: "Seu candidato deu um show". E Quércia, pura ternura: "O de vocês também agradou muito".



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