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Votar contra o governo foi erro, diz Lindberg
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
O deputado Lindberg Farias
(PT-RJ), 33, considerou ontem
um "erro político" tanto a votação
contrária à reforma da Previdência quanto a abstenção por parte
de parlamentares petistas. Lindberg votou a favor do governo,
apesar de no início do ano ter sido
ameaçado com um processo disciplinar dentro do partido pela
oposição à proposta.
Segundo ele, o caminho correto
é fazer uma disputa com os setores mais conservadores dentro do
governo, em vez de ir para a oposição. "A tendência é que o governo seja de oito anos, e a esquerda
não pode descer na primeira parada", disse ele, que quer ser um
"conselheiro do ouvido esquerdo
do [presidente] Lula". O deputado falou com a reportagem em
seu gabinete ontem.
A seguir, trechos da entrevista.
(FERNANDA KRAKOVICS)
Agência Folha - Na bancada petista, um grupo optou por votar
contra a reforma da Previdência, e
outro, por se abster. O senhor, apesar de dizer ser contra a proposta,
votou a favor. Por quê?
Lindberg Farias - Apesar de discordar da essência da reforma da
Previdência e dos rumos da política econômica do governo acho
que o jogo ainda não acabou.
Quem optou por votar "não" fez
uma escolha política e sabia que
estava se colocando fora do PT. A
tese dos que votaram contra é
equivocada porque considera que
o governo acabou e porque eles
têm a ilusão de que é possível, a
partir da vitória do Lula, a construção de uma ultrapassagem à
esquerda.
No fundo, estão presos a uma
interpretação da história baseada
na repetição do velho esquema da
revolução [russa] de 1917. O caminho não é construir uma oposição
de esquerda.
Só nos resta uma alternativa,
que é lutar por dentro do governo, sermos conselheiros do ouvido esquerdo do Lula.
Agência Folha - No início do ano o
senhor estava alinhado com os chamados "radicais". O fator determinante para rever sua posição foi a
ameaça de expulsão do partido?
Lindberg - Em nenhum momento cogitei a saída do PT. Sabia
que se votasse "não" estava expulso e dando pretexto para o inimigo. A minha expulsão favoreceria
os setores mais conservadores
dentro do governo. A tendência é
que o governo seja de oito anos, e
a esquerda não pode descer na
primeira parada.
Agência Folha - Havia a opção intermediária de se abster, como fizeram oito deputados.
Lindberg - Foi um erro político,
uma postura intermediária, se
abster e no dia seguinte votar a favor da taxação dos inativos. O caminho mais certo foi o de declaração de voto contrário.
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