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São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2003

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Votar contra o governo foi erro, diz Lindberg

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

O deputado Lindberg Farias (PT-RJ), 33, considerou ontem um "erro político" tanto a votação contrária à reforma da Previdência quanto a abstenção por parte de parlamentares petistas. Lindberg votou a favor do governo, apesar de no início do ano ter sido ameaçado com um processo disciplinar dentro do partido pela oposição à proposta.
Segundo ele, o caminho correto é fazer uma disputa com os setores mais conservadores dentro do governo, em vez de ir para a oposição. "A tendência é que o governo seja de oito anos, e a esquerda não pode descer na primeira parada", disse ele, que quer ser um "conselheiro do ouvido esquerdo do [presidente] Lula". O deputado falou com a reportagem em seu gabinete ontem.
A seguir, trechos da entrevista. (FERNANDA KRAKOVICS)
 

Agência Folha - Na bancada petista, um grupo optou por votar contra a reforma da Previdência, e outro, por se abster. O senhor, apesar de dizer ser contra a proposta, votou a favor. Por quê?
Lindberg Farias
- Apesar de discordar da essência da reforma da Previdência e dos rumos da política econômica do governo acho que o jogo ainda não acabou. Quem optou por votar "não" fez uma escolha política e sabia que estava se colocando fora do PT. A tese dos que votaram contra é equivocada porque considera que o governo acabou e porque eles têm a ilusão de que é possível, a partir da vitória do Lula, a construção de uma ultrapassagem à esquerda.
No fundo, estão presos a uma interpretação da história baseada na repetição do velho esquema da revolução [russa] de 1917. O caminho não é construir uma oposição de esquerda.
Só nos resta uma alternativa, que é lutar por dentro do governo, sermos conselheiros do ouvido esquerdo do Lula.

Agência Folha - No início do ano o senhor estava alinhado com os chamados "radicais". O fator determinante para rever sua posição foi a ameaça de expulsão do partido?
Lindberg
- Em nenhum momento cogitei a saída do PT. Sabia que se votasse "não" estava expulso e dando pretexto para o inimigo. A minha expulsão favoreceria os setores mais conservadores dentro do governo. A tendência é que o governo seja de oito anos, e a esquerda não pode descer na primeira parada.

Agência Folha - Havia a opção intermediária de se abster, como fizeram oito deputados.
Lindberg
- Foi um erro político, uma postura intermediária, se abster e no dia seguinte votar a favor da taxação dos inativos. O caminho mais certo foi o de declaração de voto contrário.


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