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REFORMA SOB PRESSÃO
Pontos pendentes deveriam ter sido votados ontem; pefelistas pressionam para mudar regra de futuras pensões
PFL manobra e adia votação da previdenciária
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo enfrentou problemas
para superar ontem a obstrução
do PFL na Câmara e adiou para
hoje a tentativa de conclusão de
votação em primeiro turno da reforma da Previdência. O texto
principal foi aprovado na quarta-feira passada, mas há ainda seis
pontos pendentes de votação.
A tentativa do governo de encerrar ontem o primeiro turno
-e, com isso, priorizar a reforma
tributária- esbarrou nas manobras protelatórias do PFL, que
ainda pressiona por mudanças no
relatório do deputado José Pimentel (PT-CE), principalmente
na questão da redução para as
pensões futuras.
Em acordo fechado no início da
noite, ficou acertado que as pendências serão retomadas às 13h de
hoje, mas o PFL afirma que continuará tentando obstruir caso o
governo não altere o relatório.
O cronograma dos governistas
era o seguinte no início do dia:
aprovar as três medidas provisórias que trancavam a pauta na sessão extraordinária da manhã e, na
sessão da tarde/noite, votar os três
destaques e as três emendas aglutinativas restantes da proposta
previdenciária.
As únicas mudanças acordadas
seriam o aumento da faixa isenta
de contribuição previdenciária do
funcionalismo da União de R$
1.200 para R$ 1.440 e uma adequação na redação das pensões.
O problema é que a sessão extraordinária começou às 9h, mas
só às 11h39 houve quórum para
que a ordem do dia se iniciasse.
Mesmo assim, os governistas levaram quase sete horas para
aprovar a primeira MP (que trata
do programa de microcrédito do
governo), concluída às 18h22.
"Já obstruímos durante oito horas e meia; se continuarmos assim, eles não votam nada esta semana", afirmou o deputado José
Carlos Aleluia (BA), líder da bancada pefelista. O deputado vem
tomando atitudes contrárias à ala
do partido liderada pelo senador
Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que apóia o Planalto.
Em acordo fechado com os governistas por volta das 20h, Aleluia aceitou encerrar a obstrução
ontem e aprovar, simbolicamente, as duas MPs restantes -uma
que também trata de microcrédito e outra sobre o mercado de medicamentos. Se o governo não ceder na questão das pensões, porém, o partido promete retomar
hoje a obstrução -manobras regimentais que adiam as votações.
Obstruções
As manobras protelatórias de
ontem se resumiam a discursos
demorados, levantamentos de
questões de ordem e apresentação de requerimentos para adiar
ou fatiar votações.
Os requerimentos eram derrubados por meio de votação simbólica, mas o PFL exigia, sempre
que o regimento permitia, a verificação nominal da votação, o que
levava cerca de meia hora.
O partido pressiona o governo a
amenizar as regras para as novas
pensões, que, pela proposta atual,
terão uma redução de 50% para o
valor que exceder R$ 2.400. Além
disso, querem maior flexibilização nas regras da nova idade mínima para aposentadoria.
Além dos pefelistas, o governo
enfrentou ontem uma nova linha
de pressão. Deputados ligados à
área de segurança pública promoviam lobby para que integrantes
da base aliada apoiassem a proposta de que o limite salarial da
Polícia Civil nos Estados passasse
a ter como base não o subteto do
Executivo (o salário do governador), mas o subteto do Judiciário
(R$ 15.650). O governo é contra.
O presidente da Câmara, João
Paulo Cunha (PT-SP), se reuniu
no final da tarde com os líderes
dos partidos aliados e com a oposição para tentar um acordo, mas
não houve consenso.
O governo resiste a atender a
reivindicação do PFL. Em relação
à base aliada, o PTB aceitou retirar seus dois destaques que tentavam alterar as regras do limite salarial do funcionalismo.
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