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TENSÃO SOCIAL
Política econômica vai mudar, diz ministro
Waldir Pires afirma que conflitos sociais "ameaçam a democracia"
RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro Waldir Pires (Controladoria Geral da União) disse
ontem que os conflitos sociais no
país "ameaçam a democracia".
A afirmação foi feita durante o
2º Fórum de Editores, realizado
pela ANJ (Associação Nacional de
Jornais), em São Paulo.
Por causa dessa ameaça, diz Pires, "não pode demorar que nós
tenhamos solução para os problemas da terra e da renda no Brasil".
"Há 30 anos que o Brasil não toca um milímetro na distribuição
da renda. Gerou isso: 50 milhões
de marginalizados", afirmou.
"Essas desigualdades, que são
cruéis e estúpidas, colocam em
risco a democracia se por acaso
não formos capazes de vencê-las."
Questionado sobre se a política
econômica do ministro Antonio
Palocci Filho (Fazenda) não iria
contra esses objetivos de inclusão,
Pires declarou que "a política econômica seguramente vai mudar".
"Essa [que aí está] não é a política econômica do governo Lula.
Essa é a política econômica para
vencer a vulnerabilidade do Brasil
que foi encontrada", disse.
Indagado sobre se a democracia
poderia sofrer danos até em seus
aspectos formais, afirmou: "Não
sei. Vivi isso em 64. Hoje é possível viver? É. De que forma? Você
não tem mais uma aliança daquele tipo [entre capital e militares,
segundo ele]. Outro dia disse em
um artigo: não vamos ter impaciência. Impaciência vivi em 64".
O ministro disse ver essa "pressa" no MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o
que é, segundo ele, "natural".
"É claro que essa coisa não ajuda Lula. O exemplo de Lula deve
merecer muito mais confiança de
todos os movimentos táticos. Mas
outra verdade é que este país é
muito atrasado do ponto de vista
da terra", declarou.
Ainda durante o congresso da
ANJ, Pires anunciou a criação do
"Conselho de Transparência Pública e Combate à Corrupção". O
novo órgão contará com 8 membros do governo e 8 da sociedade.
O objetivo, ele afirma, será o de
"definir as estratégias do combate
preventivo à corrupção".
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