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São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2003

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TENSÃO SOCIAL

Política econômica vai mudar, diz ministro

Waldir Pires afirma que conflitos sociais "ameaçam a democracia"

RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro Waldir Pires (Controladoria Geral da União) disse ontem que os conflitos sociais no país "ameaçam a democracia".
A afirmação foi feita durante o 2º Fórum de Editores, realizado pela ANJ (Associação Nacional de Jornais), em São Paulo.
Por causa dessa ameaça, diz Pires, "não pode demorar que nós tenhamos solução para os problemas da terra e da renda no Brasil".
"Há 30 anos que o Brasil não toca um milímetro na distribuição da renda. Gerou isso: 50 milhões de marginalizados", afirmou. "Essas desigualdades, que são cruéis e estúpidas, colocam em risco a democracia se por acaso não formos capazes de vencê-las."
Questionado sobre se a política econômica do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) não iria contra esses objetivos de inclusão, Pires declarou que "a política econômica seguramente vai mudar".
"Essa [que aí está] não é a política econômica do governo Lula. Essa é a política econômica para vencer a vulnerabilidade do Brasil que foi encontrada", disse.
Indagado sobre se a democracia poderia sofrer danos até em seus aspectos formais, afirmou: "Não sei. Vivi isso em 64. Hoje é possível viver? É. De que forma? Você não tem mais uma aliança daquele tipo [entre capital e militares, segundo ele]. Outro dia disse em um artigo: não vamos ter impaciência. Impaciência vivi em 64".
O ministro disse ver essa "pressa" no MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o que é, segundo ele, "natural".
"É claro que essa coisa não ajuda Lula. O exemplo de Lula deve merecer muito mais confiança de todos os movimentos táticos. Mas outra verdade é que este país é muito atrasado do ponto de vista da terra", declarou.
Ainda durante o congresso da ANJ, Pires anunciou a criação do "Conselho de Transparência Pública e Combate à Corrupção". O novo órgão contará com 8 membros do governo e 8 da sociedade. O objetivo, ele afirma, será o de "definir as estratégias do combate preventivo à corrupção".


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