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Bastos repudia "carapuça de censor"
e afirma que projeto não é mordaça
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, negou ontem que
seja uma "mordaça" o projeto de
um Código de Ética para o servidor público se relacionar com a
imprensa, divulgado anteontem
pelo governo. Ele deu apoio à iniciativa. De acordo com o projeto,
servidores só podem dar informações a jornalistas com autorização da chefia da instituição.
"Não tem nada de mordaça. Eu,
pessoalmente, tenho compromisso de vida inteira com a liberdade
de imprensa. Acho que é um valor
da mais alta hierarquia constitucional, que no curso da vida se coloca em permanente tensão dialética com outros valores constitucionais e que precisa ser resolvido
no dia-a-dia", disse o ministro.
O ministro foi enfático ao dizer
que não haverá censura nem restrição ao trabalho dos jornalistas.
"Não aceito a carapuça de censor,
nem de inimigo da liberdade de
imprensa. Toda minha vida foi no
sentido contrário. Acho, realmente, que é um valor muito importante. Sem isso, a história do Brasil teria sido diferente para pior do
que ela foi", afirmou.
Anteontem, o GGI-LD (Gabinete de Gestão Integrada de Combate à Lavagem de Dinheiro) apresentou o texto de um anteprojeto
de decreto incluindo um artigo no
Código de Ética do servidor público federal. Além de limitar as
entrevistas a ministros de Estado,
detentores de cargo de natureza
especial e dirigentes de autarquia,
o texto explicita que todas as demandas jornalísticas devem ser
feitas por meio da assessoria de
imprensa do órgão.
O projeto não estabelece punição. A única sanção já prevista
hoje para os servidores que descumprirem o código é a censura
pública. Neste caso, a instituição
desautoriza o servidor a falar oficialmente em nome dela.
Terrorismo
O presidente do STJ (Superior
Tribunal de Justiça), ministro Edson Vidigal, classificou ontem como "terrorismo" a tentativa do
governo de calar funcionários públicos de baixo escalão. "Penso
que pode estar acontecendo um
certo terrorismo, não sei de onde,
porque o governo na democracia
só pode ser empossado depois
que assume o compromisso de
cumprir e fazer cumprir a Constituição e as leis do país."
Depois de lançar duras críticas à
idéia do governo federal, Vidigal
afirmou que prefere "continuar
não acreditando que isso está
acontecendo".
Para o ministro, é "desnecessário" e "redundante" modificar o
código de ética do funcionalismo,
uma vez que o Código Penal já
pune quem fornece informações
protegidas por sigilo.
"Sinto que ainda há uma certa
dificuldade de setores da vida pública para entender o alcance do
que seja o Estado de Direito Democrático. O setor público que lida com sigilo já é atingido pelo
Código Penal", afirmou.
Segundo o presidente do STJ,
que já trabalhou como jornalista,
o código é amplo na definição do
funcionário público. "Servidor
para efeitos criminais não são só
os barnabés, mas deputados, senadores, membros do Ministério
Público, magistrados, ministros e
todos aqueles que prestam serviço público", alfinetou.
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