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IMPRENSA OFICIAL
Caso conselho de jornalismo estivesse em vigor, punição seria possível
Agência Brasil "esquece" outro lado
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os jornalistas da Agência Brasil, que produz notícias para o
sistema Radiobrás, órgão do governo federal, poderiam ser
questionados pelo CFJ (Conselho Federal de Jornalismo) se já
estivesse em atividade esse órgão que pretende "pugnar pelo
direito à livre informação plural". Durante uma semana, a
agência oficial não destacou nenhuma opinião contra o projeto
oferecido pela Fenaj (Federação
Nacional dos Jornalistas).
A prioridade a opiniões favoráveis ao CFJ só desapareceu na
noite da quarta-feira, 11, quando
o PFL ameaçou obstruir votações se a Câmara não devolver o
projeto que cria o conselho. A
missão da Agência Brasil, segundo seu site, "é ser uma agência de notícias pública, de acesso
livre, de reconhecida credibilidade e abordagem pluralista".
Ontem, a agência noticiou que
o PFL emitiu nota anunciando
que vai se "empenhar" para derrotar o projeto, por considerar
que a proposta "não é conveniente ao país".
Se dependesse apenas da informação do governo, a sociedade não saberia que várias entidades condenaram o projeto:
Associação dos Magistrados
Brasileiros, Associação Nacional dos Juízes do Trabalho, Movimento do Ministério Público
Democrático e Associação Brasileira de Imprensa. Desconheceria que a Associação Nacional
de Jornais teme o cerceamento à
liberdade de imprensa.
A Agência Brasil noticiou o
envio do projeto ao Congresso e
a afirmação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de
que o CFJ "não é instrumento
de censura". O site acolheu as
manifestações favoráveis de
Luiz Martins da Silva, vice-diretor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília,
e a defesa do projeto feita pelos
dirigentes da Fenaj, Sérgio Murilo de Andrade, Fred Ghedini e
Aloisio Lopes, que criticaram a
imprensa. "Fazer matérias contrárias, sem ouvir os dois lados,
não condiz com a condição de
jornalismo e com a finalidade
da imprensa", afirmaram os representantes da Fenaj, segundo
a notícia da Agência Brasil.
O presidente da Radiobrás,
Eugênio Bucci, 45, disse que "a
Agência Brasil dá uma cobertura equilibrada a todos os acontecimentos". Ao ser informado
sobre a falta de manifestações
contrárias ao CFJ, afirmou: "Eu
não acompanhei diretamente o
caso, mas essa não é a nossa
orientação". "A gente nem sempre consegue acertar", disse o
diretor de Jornalismo da Radiobrás, José Roberto Garcez, 51.
"Nós temos procurado nos pautar por fatos objetivos, que envolvem o governo, o Estado, o
cidadão. A gente procura evitar
a polêmica. A partir do momento em que o assunto saiu da polêmica, saiu da opinião e passou
a gerar fatos concretos, nós registramos todos os lados", disse.
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