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Petrobras rebate Lula e afirma que estrangeiros devem vencer licitação
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
As plataformas marítimas de
produção de petróleo P-51 e P-52,
cuja construção no Brasil foi
transformada em bandeira de
campanha pelo candidato do PT à
Presidência, Luiz Inácio Lula da
Silva, não devem ser feitas no país.
A Petrobras, que contratará as
obras, estimadas em cerca de US$
1 bilhão, avalia que não há no Brasil estaleiros com porte para receber as encomendas.
Segundo o diretor da área de
Serviços da estatal, Irani Varella,
responsável pela compra dos
equipamentos, o edital de licitação definirá critérios mínimos para um estaleiro se credenciar a fazer as plataformas. Um dos critérios será a capacidade de processamento de aço (transformação
de placas em produtos).
Segundo Varella, o estaleiro Verolme -em Angra dos Reis (RJ),
onde Lula gravou seu primeiro
programa eleitoral-, o maior do
país, tem capacidade para elaborar 1.500 toneladas de aço por
mês, enquanto a construção das
plataformas exigirá a capacidade
mínima de 5.000 toneladas/mês.
A Petrobras não diz que as
obras não serão feitas no país, até
porque a licitação não escolherá o
estaleiro construtor, mas a empresa que gerenciará a obra.
Varella até admite que no prazo
de seis a sete meses necessário à
definição da concorrência, estaleiros e até canteiros de obras no
Brasil poderão se adequar às exigências, com investimentos "da
ordem de dezenas de milhões de
dólares". Mas ele lança dúvida sobre se será economicamente viável um estaleiro suspender trabalhos em andamento para investir
em mudanças estruturais com o
objetivo de fazer as plataformas.
Varella afirma que a Petrobras
não abrirá mão de selecionar o estaleiro com base no tripé "custo,
prazo e qualidade". O máximo
que admite é dar preferência ao
Brasil em caso de empate.
A estatal quer as duas plataformas produzindo petróleo na bacia de Campos (RJ) no segundo
semestre de 2005.
Para o engenheiro Segen Estefen, do Programa de Engenharia
Oceânica da Coppe-UFRJ (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio), "a
Petrobras está com uma visão de
Pilatos, do tipo lavar as mãos".
"Não é um comportamento condizente com a história da Petrobras. Ela sempre se dispôs a trabalhar com a capacitação nacional
para resolver os problemas."
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