São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 2002

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Petrobras rebate Lula e afirma que estrangeiros devem vencer licitação

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

As plataformas marítimas de produção de petróleo P-51 e P-52, cuja construção no Brasil foi transformada em bandeira de campanha pelo candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, não devem ser feitas no país. A Petrobras, que contratará as obras, estimadas em cerca de US$ 1 bilhão, avalia que não há no Brasil estaleiros com porte para receber as encomendas.
Segundo o diretor da área de Serviços da estatal, Irani Varella, responsável pela compra dos equipamentos, o edital de licitação definirá critérios mínimos para um estaleiro se credenciar a fazer as plataformas. Um dos critérios será a capacidade de processamento de aço (transformação de placas em produtos).
Segundo Varella, o estaleiro Verolme -em Angra dos Reis (RJ), onde Lula gravou seu primeiro programa eleitoral-, o maior do país, tem capacidade para elaborar 1.500 toneladas de aço por mês, enquanto a construção das plataformas exigirá a capacidade mínima de 5.000 toneladas/mês.
A Petrobras não diz que as obras não serão feitas no país, até porque a licitação não escolherá o estaleiro construtor, mas a empresa que gerenciará a obra.
Varella até admite que no prazo de seis a sete meses necessário à definição da concorrência, estaleiros e até canteiros de obras no Brasil poderão se adequar às exigências, com investimentos "da ordem de dezenas de milhões de dólares". Mas ele lança dúvida sobre se será economicamente viável um estaleiro suspender trabalhos em andamento para investir em mudanças estruturais com o objetivo de fazer as plataformas.
Varella afirma que a Petrobras não abrirá mão de selecionar o estaleiro com base no tripé "custo, prazo e qualidade". O máximo que admite é dar preferência ao Brasil em caso de empate.
A estatal quer as duas plataformas produzindo petróleo na bacia de Campos (RJ) no segundo semestre de 2005.
Para o engenheiro Segen Estefen, do Programa de Engenharia Oceânica da Coppe-UFRJ (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio), "a Petrobras está com uma visão de Pilatos, do tipo lavar as mãos". "Não é um comportamento condizente com a história da Petrobras. Ela sempre se dispôs a trabalhar com a capacitação nacional para resolver os problemas."



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