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NO AR
Em xeque
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
A cena de Fernandinho Beira-Mar vitorioso, andando
livremente, mascando chiclete,
sem camiseta, em momentos até
rindo, deve ampliar ainda mais
o estrago que a realidade já fez
na campanha.
Boris Casoy perdeu a paciência. Não escondeu que considera
a petista Benedita da Silva responsável. Recordou um a um os
sinais que vinham de semanas,
no presídio, e bradou:
- É muita incompetência! 46
presos colocando um governo
estadual em xeque.
Benedita não fez muito para
melhorar a situação, ela e seu
secretário de Segurança, ao reclamar sem parar nos telejornais a transferência do traficante "para outro Estado".
Foi a expressão que o Jornal
Nacional usou, sublinhando
que as passagens por presídios
de Minas e Brasília também não
conseguiram limitar o poder de
Beira-Mar.
Um momento especialmente
infeliz do governo petista foi a
entrevista da Globo com o secretário, logo cedo:
- Terminou a rebelião?
- Terminou. Os reféns foram
soltos e nós estamos dentro do
presídio. O povo do Rio pode ficar em paz, porque o sossego foi
reinstalado.
William Bonner, no tom de indignação da cobertura do JN,
voltou a lembrar a morte de Tim
Lopes e bradou em editorial, como um udenista:
- Intolerável!
A diferença para Casoy foi
que, além do "governo estadual", Bonner cobrou o "governo federal", ainda que somente
para "ajudar".
Benedita, entre muitas frases
infelizes, disse à Globo:
- Nós vamos repudiar todo o
uso eleitoral que se possa fazer
disso.
Pois uso eleitoral foi o que o
próprio PT tratou de fazer, o dia
todo, ainda que mais para dividir o estrago com terceiros do
que para recusar a própria responsabilidade.
É claro que Garotinho -em
seu site- foi ao ataque, dizendo
que a rebelião foi "o coroamento
da política fracassada de segurança do PT".
Mas foram os líderes petistas
que mais recorreram ao tema, a
começar de Lula.
O presidenciável já saiu declarando seus "parabéns" à governadora. Partiu daí para dizer
que a rebelião não era um problema "específico" do governo
petista.
E encerrou afirmando que é
preciso deixar criminosos mais
perigosos sob responsabilidade
federal.
Ciro Gomes consegue se emaranhar ainda mais.
Apelar no horário gratuito,
com os olhos na câmera, para a
"saúde" de Patrícia Pillar é um
acontecimento único na história
eleitoral do país.
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