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PRESIDENTE
Candidatos se calam sobre os confrontos dos sem-terra ao falar da Reforma Agrária
Invasão eleitoral
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) sinalizou nesta semana sua entrada na
campanha do petista Luiz Inácio
Lula da Silva e trouxe à pauta dos
candidatos uma questão na qual
não há meio termo: a revogação
ou não da medida provisória que
criminaliza as invasões de terra.
A MP proíbe por dois anos as
avaliações e vistorias em terras invadidas, exclui do programa de
reforma agrária os assentados que
participarem de invasões e suspende todos os processos em tramitação durante as invasões.
Aos presidenciáveis, uma faca
de dois gumes. Aos sem-terra,
uma oportunidade de focalizar
indícios das intenções do novo
governo federal em relação à
questão agrária. Se quiser, o novo
presidente já pode derrubá-la no
dia de sua posse.
Nos últimos meses, ao condenarem as invasões de terra, os quatro candidatos a presidente mais
bem colocados nas pesquisas vêm
apenas dando dicas de seus pensamentos, sem falar de forma específica sobre o destino que poderão dar à medida provisória.
Sobre o tema, a situação mais
desconfortável é a de Lula. Em
2001, o PT -que hoje vive um relacionamento incerto com o
MST- entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade
contra a MP.
A medida provisória foi avaliada em abril passado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), quando
o tribunal negou uma liminar que
pedia a suspensão das punições
relacionadas a invasões.
Passado um ano da ação que
moveu contra a MP e em meio ao
calor da campanha presidencial, o
PT demonstra posição diferente.
Para a sigla, a medida somente será avaliada durante a implantação
de seu plano nacional de reforma
agrária. "Certamente, na elaboração do plano, a legislação infraconstitucional pertinente ao assunto será avaliada, decidindo-se
então pela sua revisão ou não",
disse o porta-voz da campanha
petista, André Singer.
Sobre a MP, Ciro Gomes (PPS)
não quis falar. Por meio de sua assessoria, disse: "no meu governo,
a reforma agrária será feita em ordem, em paz e com a lei".
Anthony Garotinho (PSB) afirmou que não irá reeditar a medida. "Certamente esse é um assunto que não deve ser tratado em
forma de MP. Já o teor dela [MP"
está sendo analisado por nosso
departamento jurídico."
Informada sobre o teor da reportagem, a assessoria de José
Serra (PSDB) não divulgou a opinião do candidato.
O fato é que, por meio dessa medida provisória, o governo conseguiu engessar as reivindicações
dos movimentos de sem-terra,
que têm na invasão a fazendas a
principal forma de ação.
Especialistas no tema dizem que
as invasões são a principal forma
de acelerar a reforma agrária do
país, pois pressiona o governo federal a desapropriar essas áreas
para fins de assentamento.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário tem posicionamento diferente. Para a Pasta, as
invasões apenas trazem lentidão
ao processo agrário, além de uma
violência iminente entre trabalhadores rurais e sem-terra. De acordo com o ministério, o número de
invasões caiu de 236, em 2000 (antes da MP), para 158, em 2001.
Colaborou LIEGE ALBUQUERQUE,
enviada especial a Belo Horizonte
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