São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 2005

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Perito diz duvidar da existência de original

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O perito do Instituto de Criminalística de Pernambuco Adamastor Nunes de Oliveira, 46, afirmou ontem em Recife que não acredita na existência do documento original que prorroga irregularmente o contrato de um dos restaurantes da Casa, supostamente assinado pelo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), em 2002, quando ocupava o cargo de primeiro-secretário.
Autor do laudo que aponta indícios de fraude no documento, Oliveira diz que, se o original não apareceu até agora, "é porque ele não deve existir": "Estou maluco para ver [o original], estou ansioso". Ele afirmou que fez a perícia contratado por Ivete Lacerda, advogada do parlamentar. Ele disse que atende a advogada há cerca de cinco anos, mas negou ter sido induzido a produzir uma versão favorável a Severino. "Eu trabalho pelo serviço, não pelo resultado."
O policial disse que não conhece pessoalmente o deputado e negou ter relações com políticos. "Meu tesouro é a honestidade. Sou um humilde e abnegado criminalista." Ele não informou quanto recebeu para fazer o laudo, mas disse ter cobrado 50% adiantados.
Policial civil há 27 anos e especialista em análise de documentos desde 1987, o perito reafirmou o resultado de seu laudo -fruto, segundo ele, de "três dias ininterruptos de trabalho". Para Oliveira, existem evidências de fraude no documento. Há divergências até de padronização em relação aos ofícios produzidos em 2002.
A maior diferença, entretanto, está na assinatura. A rubrica da suposta autorização é parecida com a assinatura atual de Severino, e não com a que ele utilizava três anos atrás. Ele diz ter usado cerca de dez documentos da época como amostras para a análise.
A mudança da assinatura, afirmou, ocorreu em conseqüência de um infarto que levou o parlamentar a implantar um marcapasso. "É normal isso acontecer em situações como essa."
Oliveira está afastado do Instituto de Criminalística desde o dia 1º de agosto. Ele está substituindo um colega na Corregedoria da Secretaria Estadual da Defesa Social.


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