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Palocci diz que devolverá dinheiro de
viagens pagas com Fundo Partidário
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, informou ontem que
devolverá ao PT o dinheiro referente a "eventuais" despesas de
viagens de parentes dele pagas pelo partido em 2002.
Além de Palocci, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva também
teve familiares beneficiados com
passagens pagas pelo PT com recursos do Fundo Partidário, o
que, segundo a Justiça Eleitoral, é
irregular.
O corregedor-geral da Justiça
Eleitoral, ministro Humberto Gomes de Barros, considerou "insólita" e "grave" a notícia de que o
partido usou dessa maneira recursos do fundo em dezembro de
2002 e janeiro de 2003.
Ele afirmou que, em princípio, o
PT pode ser punido com a suspensão do repasse da cota do
Fundo Partidário, a principal fonte de receita da sigla. Em 2003, por
exemplo, ele recebeu cerca de R$
24 milhões desse fundo.
Gomes de Barros disse ainda
que pode haver conseqüências
penais para os responsáveis pelas
contas do partido. "A coisa é tão
insólita. É uma apropriação indébita, desvio de dinheiro público. É
uma coisa muito séria."
Reportagem publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo", no domingo, afirma que, na prestação
de contas do PT referente a 2003,
há um cheque de R$ 100 mil emitido em 1º de abril daquele ano de
uma conta do Banco do Brasil que
o partido usava para movimentar
a sua cota do Fundo Partidário.
Técnicos do TSE disseram que o
dinheiro dessa conta era exclusivamente do Fundo Partidário, para cumprir uma exigência do tribunal. Isso facilita a fiscalização
da aplicação da verba do fundo,
composto exclusivamente por recursos orçamentários.
A prestação de contas também
indica que os R$ 100 mil serviram
para pagar faturas da agência de
turismo BBTur. Uma das faturas
lista parentes do presidente contemplados com passagens aéreas
de São Paulo para Brasília.
Entre eles estão a filha mais velha de Lula, Lurian Cordeiro Lula
da Silva, o marido dela, Marcelo
Sato, e a filha deles, Maria Beatriz
Sato Rosa. Também estão outros
dois filhos do presidente: Fábio
Luiz e Sandro Luiz Lula da Silva.
Na mesma fatura também estão
passagens compradas em nome
de Margarete Palocci e Carolina
Palocci, mãe e filha do ministro da
Fazenda.
Nota divulgada ontem à noite
pelo Ministério da Fazenda afirma que Palocci "não tinha conhecimento pleno" dos pagamentos.
O texto diz ainda que, "independentemente da avaliação de legalidade dos mesmos [procedimentos]", o ministro considera correto "restituir as despesas pagas pelo partido que possam ter qualquer dúvida de correção".
O presidente do PT, Tarso Genro, disse que pediu uma apuração
interna sobre os supostos gastos
irregulares. "É uma questão financeira e contábil da gestão anterior. O presidente Lula não tem
nenhuma responsabilidade pelo
fato, que foi uma medida unilateral do partido", disse Tarso. O Palácio do Planalto afirmou que o
PT se manifestaria sobre o caso.
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