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Concorrência se acirra após declarações pró-Rafale
Boeing envia assessores para defender o seu avião; sueca Saab revê condições
Comandante Juniti Saito adere a brincadeira de Lula, de que vai acabar recebendo aviões "de graça", e diz que a disputa melhora as ofertas
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Quanto mais o governo reforça publicamente sua preferência pelos aviões Rafale, da
francesa Dassault, para renovar
a frota da FAB, mais as outras
competidoras, a sueca Saab e a
americana Boeing, aumentam
a pressão para não serem excluídas antes que se encerre o
processo de análise técnica.
Nesta terça, por exemplo, desembarcam em São Paulo enviados especiais da Boeing para
defender o seu avião, o F-18 Super Hornet. batendo na tecla de
que seu produto não é só um
dos melhores, se não o melhor,
e atende ao requisito de transferência de tecnologia.
O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, até
aderiu à brincadeira do presidente Lula, de que vai acabar
recebendo os aviões "de graça":
"É possível. Os EUA disseram
que vão transferir tudo, e a Suécia, que vai rever condições."
O novo parâmetro usado pelo governo brasileiro para tentar obter maiores vantagens no
negócio, que pode chegar a 4
bilhões, foi dado pelo presidente francês Nicolas Sarkozy: ele
garantiu a Lula que a Dassault
irá vender os aviões ao Brasil
pelo mesmo preço que cobra da
própria Aeronáutica francesa.
Já a pressão da Boeing é focada no compromisso da aprovação que o governo dos EUA
deu para a transferência do pacote do F-18. "É uma decisão
definitiva", disse um assessor
americano, afastando uma possível revisão pelo Congresso.
A sueca Saab, que entra na
disputa com o Grippen NG,
também decidiu se mover. Seu
principal trunfo é o preço, mas
seu produto enfrenta duas resistências: só ter uma turbina e
ser ainda um projeto virtual.
O prazo final para a coleta de
dados e revisão de propostas
passou do dia 18 para o dia 21,
quando a Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de
Combate espera abrir a fase final de redação do relatório com
novidades das três empresas.
A expectativa é que todas façam novas concessões nas
áreas de preços, de condições,
de abertura de tecnologia e de
"offset" (sistema de compensações no avião ou outras áreas).
As etapas seguintes são: avaliação do Alto Comando da Aeronáutica, envio para o Ministério de Defesa, convocação do
Conselho de Defesa Nacional e
a decisão do presidente. Em tese, Lula pode jogar o trabalho
na gaveta e usar sua prerrogativa de decidir politicamente o
que é melhor para o país.
Um fator decisivo pró-Rafale
é a "aliança estratégica" entre
Brasil e França, que inclui não
só o maior pacote de compras
militares, mas também aliança
política em foros multilaterais.
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