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Governo gastou R$ 262 mi com pagamento de salários em 98
da Reportagem Local
O governo federal gastou no
ano passado R$ 261,6 milhões
com o pagamento de salários e
aposentadorias de juízes classistas, valor que equivale a 10,72%
do orçamento da Justiça do Trabalho (R$ 2,44 bilhões).
O dispêndio com os classistas é
um dos principais argumentos
utilizados pelos defensores de sua
extinção. "Esses recursos poderiam ser usados para melhorar as
condições da Justiça do Trabalho", diz a presidente da Amatra-SP (Associação dos Magistrados
da Justiça do Trabalho de São
Paulo), Lizete Belido Rocha.
"A principal distorção dos classistas é sua completa inutilidade",
acrescenta Gustavo Tadeu Alkmim, presidente da Anamatra
(Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho).
Segundo ele, os classistas foram
criados na década de 40 com a
função de levar para os juízes togados informações sobre a realidade de cada categoria econômica. "A situação hoje é infinitamente mais complexa", afirma.
Com a multiplicação de categorias econômicas, tornou-se quase
impossível para o classista conhecer a realidade de cada uma delas,
diz. Não é incomum que um classista metalúrgico julgue o caso de
um bancário, por exemplo.
Os juízes togados acrescentam
que há uma série de irregularidades na nomeação de classistas.
Entre elas, está a criação de sindicatos com o único objetivo de
permitir a indicação de representantes na Justiça do Trabalho.
Roupas brancas
Levantamento da Anamatra relaciona entidades pouco ou nada
representativas, como o Sindicato
de Trabalhadores na Indústria de
Camisas e Roupas Brancas e o
Sindicato de Condomínios de
Edifícios do Rio de Janeiro.
Há dois anos, a Amatra-SP impugnou a nomeação de 170 classistas no Estado. Os casos estão
sendo julgados até hoje pelo TRT-SP (Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo). O tribunal tem
mantido as nomeações, com o argumento de que a Amatra não
tem poder para contestá-las. O
mérito dos processos nem chega a
ser analisado.
Em sua defesa, os classistas sustentam que são responsáveis por
grande parte dos acordos realizados na Justiça do Trabalho -argumento contestado pelos juízes
togados.
"Dos processos julgados em São
Paulo, 47% terminam em acordo", afirma Antonio Carlos Amorim, advogado da Ajucla-SP (Associação dos Juízes Classistas de
São Paulo). É com base em números como esse que os "conciliadores" sustentam que a Justiça do
Trabalho vai parar se eles deixarem de existir.
Segundo Amorim, a atuação
dos classistas é fundamental para
a obtenção de acordos. "O primeiro contato das partes é com o
classista, que já leva tudo mastigado para o juiz togado", diz.
Os juízes togados afirmam que
os classistas mais atrapalham do
que ajudam. Eles observam que é
impossível saber o percentual de
acordos obtidos pelos representantes sindicais, já que todas as
decisões têm de ser homologadas
pelos togados. "Quem conduz toda a conciliação é o juiz-presidente, que sempre dá a última palavra", diz Alkmim.
(CT)
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