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DIPLOMACIA
Segurança americana exige que nenhum carro fique estacionado no subsolo do edifício
ACM cancela e depois confirma
a visita de Clinton ao Congresso
LUÍS COSTA PINTO
enviado especial a Brasília
A visita do presidente norte-americano Bill Clinton ao Congresso Nacional, marcada para amanhã de manhã, chegou a ser cancelada no sábado. O presidente do
Congresso, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), discordava de quase todas as exigências
da segurança de Clinton.
Para sair do impasse, prevaleceu
uma imposição da segurança norte-americana: nenhum carro, nem
mesmo os dos senadores, pode estacionar no subsolo do Congresso
enquanto Clinton estiver na sede
do Legislativo.
Somente após seis telefonemas
na tarde e na noite de sábado entre
ACM, na Bahia, e o embaixador
dos Estados Unidos, Melvyn Levitsky, em Brasília, é que a ida ao
Congresso foi confirmada.
"Se eles não concordassem com
minhas ponderações, não teria visita ao Congresso brasileiro. Quem
manda ali são os parlamentares, e
não o cerimonial da Casa Branca
ou o do Itamaraty", disse ontem
Antonio Carlos Magalhães.
O cerimonial da Casa Branca
queria limitar a dez o número de
parlamentares brasileiros que poderiam circular pelos principais
salões da Câmara e do Senado durante a visita de Clinton. Seriam
cinco deputados e cinco senadores, escolhidos pelo cerimonial de
ACM. O senador discordou.
Os americanos também queriam
que o serviço de segurança do
Congresso fosse entregue à responsabilidade da segurança da Casa Branca. O senador discordou.
Solicitaram que todo o trânsito
de parlamentares dentro do Congresso fosse suspenso durante a
permanência de Bill Clinton nos
salões do Congresso. O senador
discordou. Por fim, pediram que
nenhum automóvel ficasse estacionado no subsolo da entrada
principal. ACM concordou.
"É justo não permitir carros no
subsolo. Os parlamentares vão entrar no Congresso pela entrada
principal, como sempre fazem, e
seus automóveis serão conduzidos
para fora. Não se pode controlar o
que um carro carrega", diz ACM.
O temor da segurança norte-americana é que alguém possa colocar bombas em um desses carros.
Após saber da recusa do presidente do Congresso em atender às
exigências da Casa Branca, no sábado, o embaixador Melvyn Levitsky deu o primeiro dos seis telefonemas para o senador.
Levitsky argumentou que estava
em jogo a segurança do presidente
dos EUA. "Ali é o Parlamento brasileiro, onde mandam os parlamentares. Ou todos têm o direito
de falar com o visitante, ou ninguém falará", disse ACM.
Sem autonomia para negociar, o
embaixador desligou e telefonou
para a Casa Branca, em Washington, informando das dificuldades.
Depois, fez a segunda ligação para
ACM. Disse que, sem o atendimento das exigências, ele não poderia ir ao Congresso.
"Então, não tem visita", respondeu-lhe ACM. Levitsky disse que
tornaria a ligar para a Casa Branca
e voltaria a telefonar para ACM.
Repetiu o ritual até que se completasse a meia dúzia de conversas.
Ficou acertado que todos os 594
congressistas podem entrar no salão negro do Senado, onde estará
Clinton. Nesse salão estão guardados os melhores e mais bem conservados móveis do Palácio Monroe, antiga sede do Senado, no Rio.
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