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DIPLOMACIA
Para não melindrar vizinhos, EUA reduzem importância de status oferecido a Menem
Washington minimiza o peso da
"relação carnal" com a Argentina
CLÓVIS ROSSI
do Conselho Editorial
Para um país como a Argentina,
cujas autoridades se orgulham de
tentar manter "relações carnais"
com os Estados Unidos, a visita do
presidente Bill Clinton seria uma
oportunidade de ouro para um orgasmo múltiplo.
Ainda mais que o presidente encaminhou ao Congresso, uma semana antes de chegar a Buenos Aires, a proposta para que a Argentina seja alçada à condição de aliado
militar preferencial.
O chanceler argentino, Guido di
Tella, chegou a saudar o anúncio
da proposta, antes portanto de sua
formalização, como a consumação das "relações carnais".
Lua-de-mel
Mas o governo norte-americano
está fazendo de tudo para aguar a
lua-de-mel.
Primeiro, seus porta-vozes não
se cansam de relativizar a importância desse rótulo, que tem "mínimos efeitos práticos", segundo
Jeffrey Davidow, secretário-assistente de Estado para a América Latina.
Davidow até disse que os EUA
estenderiam a qualificação a Brasil
e Chile, se seus governos assim o
quisessem.
Depois, a Casa Branca confirmou que o presidente gostaria de
falar sobre corrupção em sua visita
a Buenos Aires.
Claro que Clinton não chegará
ao extremo de dizer, ao contrário
do que fez documento interno sobre o Brasil, que a corrupção na
Argentina é "endêmica".
Trata-se apenas de realçar um tema que está se tornando recorrente nos documentos dos organismos internacionais como o FMI e
o Banco Mundial: a corrupção significa um custo adicional para os
negócios.
De todo modo, não é um assunto
simpático em um país em que até o
ex-todo-poderoso ministro de
Economia, Domingo Cavallo, acusa o governo de estar cercado de
uma "máfia".
Por fim, Clinton achou por bem
avistar-se também com os líderes
da oposição argentina, entre eles o
antecessor de Menem, Raúl Alfonsín (União Cívica Radical).
Como visitas presidenciais são,
acima de tudo, grandes "photo
opportunities" (ocasiões para fotos), Menem perderá a exclusividade de aparecer nelas ao lado de
Clinton, a dez dias de eleições parlamentares cruciais para sua maioria no Congresso.
Tudo isso parece indicar que o
governo norte-americano não
quer que as "relações carnais"
com a Argentina atrapalhem um
relacionamento, embora menos
caloroso, com vizinhos da Argentina, como Brasil e Chile.
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