São Paulo, segunda, 13 de outubro de 1997.



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Brasileiros em NY pedem assistência

CLÁUDIA PIRES
de Nova York

A criação de um programa de as sistência social é a principal reivin dicação que os brasileiros que vi vem em Nova York gostariam que o presidente Fernando Henrique Cardoso fizesse a Bill Clinton.
"O que mais faz falta aqui é ter uma assistência, um órgão que ajude a tirar dúvidas nos momen tos mais difíceis", afirma Bruno Camilo Moura, 19, que mora com a família em Nova York.
Ele está estudando para fazer um curso de aviação e trabalha em uma loja de equipamentos eletrô nicos. "O seguro de saúde tam bém é muito caro. Você acaba fi cando sem nada."
Já para a bailarina brasileira Ta tiana Monteiro, 23, a principal di ficuldade para quem entra nos EUA para estudar é alugar um apartamento.
"Tenho visto de estudante, mas não interessa. Você fica sem ter onde pedir ajuda." Segundo ela, a situação é ainda mais difícil na ho ra de procurar um emprego. "É muito mais fácil contratar um americano do que checar todos os dados do imigrante."
Tatiana mora em Nova York há um ano e divide o apartamento com a amiga Juliana Azevedo, 25, que trabalha na União dos Bancos Suíços de Nova York.
"Tive mais facilidade em arru mar emprego porque cursei a uni versidade aqui. Mas sei que não é fácil. Na verdade, os americanos sempre vão nos considerar uma grande ameaça", afirma.
Para o agente de turismo João Cordeiro, 29, o mais razoável seria que o governo americano tivesse com o Brasil programas de coope ração semelhantes aos que tem com a Índia.
Segundo Cordeiro, muitos in dianos entram nos EUA com visto de trabalho e até algum subsídio.
"Apenas não acho certo que al guns países tenham e outros não. Qual é a diferença?" Cordeiro é ca sado com uma brasileira e mora em Nova York há cerca de um ano, representando uma agência de Tu rismo de Belo Horizonte.
"Os brasileiros têm que batalhar muito para conseguir trabalhar e viver aqui. Não existe auxílio."
Suporte
A falta de um programa que su porte os imigrantes legais na cida de e regularize a situação dos ile gais é motivo de frequentes reivin dicações de associações de imi grantes em Nova York.
Uma dessas associações progra mou uma manifestação em frente à sede das Nações Unidas hoje.
Segundo o prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, esse tipo de campanha deve visar melhorar a condição de vida apenas dos imi grantes legais da cidade.
"Nenhuma cidade americana pode incentivar a imigração ilegal. Muito menos Nova York", disse o prefeito durante um debate na TV na semana passada.
O brasileiro Milton da Silva, 55, que mora em Nova York há 40 anos, concorda com o prefeito. "Vim para cá muito novo e não me arrependo. Até o Exército ame ricano eu servi. Mas não acho que o governo dos EUA tem que dar incentivos para os imigrantes. Isso seria uma verdadeira loucura."



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