São Paulo, Quarta-feira, 13 de Outubro de 1999
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SÃO PAULO

Governador critica secretário da Receita por autuações a bancos

Multa leva Covas a chamar Everardo de "burocrata"

free-lance para a Folha Vale

O governador Mário Covas (PSDB) criticou ontem o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, devido às autuações aplicadas aos bancos do governo do Estado, e chamou-o de "burocrata". Ao ser questionado sobre o tom em que estava se referindo à palavra burocrata, Covas afirmou que, "se antes não era ofensivo, passou a ser".
Ao saber das afirmações do governador, o secretário Everardo Maciel limitou-se a dizer que é "inflexivelmente vinculado aos princípios da legalidade, moralidade e impessoalidade".
As críticas de Covas foram feitas durante as comemorações do dia da padroeira do Brasil, em Aparecida (170 km de SP).
Covas, cotado como pré-candidato à Presidência pelo PSDB, afirmou que não vai disputar nenhum cargo público ao final de seu atual mandato. "Cheguei à idade da razão."
Covas extraiu a bexiga em dezembro passado em razão de um câncer. Disse que foi a Aparecida também para agradecer sua cura. Ele ficou cinco meses fazendo sessões de quimioterapia, após a cirurgia.

Recorde
O governador declarou que o recorde de arrecadação, divulgado recentemente pela Receita, é fácil de ser obtido se ele considerou os valores cobrados pelo governo federal referente a dívidas do Imposto de Renda do Banespa e da Nossa Caixa Nosso Banco.
"Se ele contou também os R$ 2,8 bilhões do Banespa e os R$ 300 milhões da Caixa, até eu chegaria a um número recorde", disse o governador. "O nome dele (Everardo Maciel) me incomoda", afirmou Covas.
De acordo com o governador, a Nossa Caixa já repassou ao governo federal em quase quatro anos um total correspondente a R$ 600 milhões. "Se nós pagarmos a multa de R$ 300 milhões, o valor vai chegar a quase R$ 1 bilhão, que é o preço do banco."
De acordo com ele, Maciel deve estar agindo por vontade própria em relação à questão das multas. "Eu acho que ele age muito por conta própria, mas, se ele estiver agindo a mando do governo, a minha crítica valeria também para o governo federal."
Covas foi informado da autuação da Receita no início de setembro. A multa de R$ 2,8 bilhões adiou a privatização do Banespa, agora prevista para o final de junho do próximo ano.





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