São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 2002

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Empresário tem cautela com país

DO ENVIADO ESPECIAL A LISBOA

Depois de todo o trabalho de embaixador informal de Lula que Fernando Henrique Cardoso desempenhou em Portugal, o empresariado local vai aumentar seus investimentos no Brasil?
"O tempo dirá", responde Miguel Horta e Costa, presidente da Portugal Telecom (dona da Telesp Celular), uma espécie de símbolo dos homens de negócio que colocaram dinheiro no Brasil, por ter investido a formidável pilha de US$ 6 bilhões a partir de 1998. Mais: ele descreve a Portugal Telecom como "a maior empresa luso-brasileira do mundo".
A cautela não impede que Horta e Costa diga que "a Portugal Telecom foi para o Brasil para ficar". Ou seja, é óbvio, como diz seu presidente, que a empresa não retirará seus investimentos do país. Já aumentá-los é outra história.
Horta e Costa esteve com José Dirceu, presidente do PT, saiu bem impressionado e certo de que o novo governo brasileiro não oferecerá surpresas. Mais que isso, é esperar para ver, como a maioria do empresariado português deixou claro em café da manhã ontem organizado pelo governo de São Paulo, que reuniu 30 homens de negócio com empresas já instaladas no país.
Tanto o governador Geraldo Alckmin como o ministro Sérgio Amaral (Desenvolvimento) contam que havia "muita curiosidade" em torno dos nomes da nova equipe econômica e sobre as políticas a serem adotadas.
Alckmin diz que, como o próprio FHC, manifestou a sua certeza de que o novo governo "será responsável fiscalmente". Ou seja, não provocará déficit orçamentário para financiar seus projetos sociais ou de desenvolvimento.
Já o presidente da Petrobrás, Francisco Gros, detectou temor num setor específico, o energético. Gros diz que provocaram fortes receios afirmações atribuídas a Luiz Pinguelli Rosa, o físico que é uma espécie de conselheiro do PT para a área energética, no sentido de que seriam revistos os contratos feitos quando da privatização de empresas do setor.
Alckmin, no entanto, notou "entusiasmo" da EDP (Eletricidade de Portugal) pelo projeto de uma termelétrica a ser construída em Araraquara (SP), com investimento de US$ 450 milhões, para gerar 550 megawatts. Se há mesmo tal entusiasmo, não há nenhuma decisão tomada quanto ao investimento, segundo um dos diretores da empresa encarregado das negociações. A EDP está à espera da definição da política energética do novo governo e também da evolução do câmbio no Brasil.
De todo modo, FHC tratou de fisgar o empresariado de Portugal não só pelo lado da solidez das instituições brasileiras como pelas oportunidades que o país oferece. Lembrou ao presidente da Portugal Telecom, que só no Estado de São Paulo há mais ligações telefônicas do que em Portugal inteiro. (CLÓVIS ROSSI)



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