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Empresário tem cautela com país
DO ENVIADO ESPECIAL A LISBOA
Depois de todo o trabalho de
embaixador informal de Lula que
Fernando Henrique Cardoso desempenhou em Portugal, o empresariado local vai aumentar
seus investimentos no Brasil?
"O tempo dirá", responde Miguel Horta e Costa, presidente da
Portugal Telecom (dona da Telesp Celular), uma espécie de símbolo dos homens de negócio que
colocaram dinheiro no Brasil, por
ter investido a formidável pilha de
US$ 6 bilhões a partir de 1998.
Mais: ele descreve a Portugal Telecom como "a maior empresa luso-brasileira do mundo".
A cautela não impede que Horta
e Costa diga que "a Portugal Telecom foi para o Brasil para ficar".
Ou seja, é óbvio, como diz seu
presidente, que a empresa não retirará seus investimentos do país.
Já aumentá-los é outra história.
Horta e Costa esteve com José
Dirceu, presidente do PT, saiu
bem impressionado e certo de
que o novo governo brasileiro não
oferecerá surpresas. Mais que isso, é esperar para ver, como a
maioria do empresariado português deixou claro em café da manhã ontem organizado pelo governo de São Paulo, que reuniu 30
homens de negócio com empresas já instaladas no país.
Tanto o governador Geraldo
Alckmin como o ministro Sérgio
Amaral (Desenvolvimento) contam que havia "muita curiosidade" em torno dos nomes da nova
equipe econômica e sobre as políticas a serem adotadas.
Alckmin diz que, como o próprio FHC, manifestou a sua certeza de que o novo governo "será
responsável fiscalmente". Ou seja,
não provocará déficit orçamentário para financiar seus projetos
sociais ou de desenvolvimento.
Já o presidente da Petrobrás,
Francisco Gros, detectou temor
num setor específico, o energético. Gros diz que provocaram fortes receios afirmações atribuídas a
Luiz Pinguelli Rosa, o físico que é
uma espécie de conselheiro do PT
para a área energética, no sentido
de que seriam revistos os contratos feitos quando da privatização
de empresas do setor.
Alckmin, no entanto, notou
"entusiasmo" da EDP (Eletricidade de Portugal) pelo projeto de
uma termelétrica a ser construída
em Araraquara (SP), com investimento de US$ 450 milhões, para
gerar 550 megawatts. Se há mesmo tal entusiasmo, não há nenhuma decisão tomada quanto ao investimento, segundo um dos diretores da empresa encarregado
das negociações. A EDP está à espera da definição da política energética do novo governo e também
da evolução do câmbio no Brasil.
De todo modo, FHC tratou de
fisgar o empresariado de Portugal
não só pelo lado da solidez das
instituições brasileiras como pelas oportunidades que o país oferece. Lembrou ao presidente da
Portugal Telecom, que só no Estado de São Paulo há mais ligações
telefônicas do que em Portugal inteiro.
(CLÓVIS ROSSI)
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