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TRANSIÇÃO
Antônio Palocci Filho afirma que o reajuste do salário só será decidido pelo presidente eleito no próximo ano
Inflação não pode bancar mínimo, diz Dirceu
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente nacional do PT, José Dirceu, afirmou ontem ser uma
"temeridade" financiar o aumento do salário mínimo por meio de
"recursos inflacionários".
A declaração do petista foi uma
resposta ao comitê de receitas da
Comissão Mista de Orçamento,
que identificou um montante de
cerca de R$ 11 bilhões que possibilitaria, além de atender a emendas
parlamentares, aumentar o mínimo para R$ 240. Para Dirceu, o
problema é que a maior parte desses recursos -cerca de R$ 9 bilhões- seriam provenientes da
reestimativa da inflação.
"Não vou trabalhar com inflação. E se ela não existir no ano que
vem? Recursos que vêm da inflação não são recursos", afirmou o
petista. Ainda de acordo com Dirceu, devido ao fato de o ambiente
econômico do país estar melhor
do que antes da eleição, a discussão deve ser feita com cuidado para que "nada coloque em risco" a
atual situação do país.
O presidente eleito, Luiz Inácio
Lula da Silva, dará, no próximo
ano, a palavra final sobre o valor
do salário mínimo. E, dependendo da conjuntura econômica, pode optar por elevar ou mesmo reduzir o reajuste a ser previsto no
Orçamento.
Segundo explicou o coordenador petista da transição de governo, Antônio Palocci Filho, a discussão sobre o salário mínimo, no
entender do partido, terá dois
momentos: a discussão no Congresso, que até o final do ano deverá definir o reajuste possível de
acordo com a receita orçamentária, e a definição do futuro governo, até maio de 2003.
Pelo projeto elaborado pelo governo Fernando Henrique Cardoso, o mínimo teria um reajuste de
5,5% em maio de 2003, passando
de R$ 200 para R$ 211.
No momento, governistas e
oposicionistas, prestes a trocarem
de posições, buscam formas de
elevar o valor a R$ 240, como a
bancada do PT havia proposto
antes das eleições.
Palocci argumentou que o Orçamento não obriga o Executivo a
realizar todas as despesas listadas,
apenas autoriza os gastos. O projeto é feito, prosseguiu, a partir de
previsões para o crescimento econômico, a inflação e a arrecadação de impostos.
Por isso, o PT entende que a decisão poderá ser tomada com
mais segurança no futuro -o que
também adia o risco político de
defender um reajuste menor e o
risco econômico de propor um
valor inviável para os cofres da
Previdência Social.
O PT aposta na melhora do cenário econômico. Nesse caso, em
tese, será possível dar um reajuste
superior ao definido pelo Congresso. "Ninguém está proibido
de ser otimista", disse Palocci.
Mas ele também teve o cuidado
de mencionar a possibilidade de
"um quadro de restrição". Nessa
hipótese, disse, não será possível
ser mais generoso que o Orçamento ou, pior, pode ser necessário ser menos.
Até aqui, a única forma encontrada de garantir os recursos adicionais para o aumento de 20% é
das menos ortodoxas: reestimar
as previsões de inflação e prever
uma arrecadação maior.
Ao contrário de Palocci, deputados e senadores, inclusive do
PT, querem definir o valor do salário mínimo na discussão do Orçamento da União de 2003.
A principal preocupação dos
congressistas é a fonte de financiamento do reajuste do mínimo
-entre R$ 3,5 bilhões e R$ 4 bilhões- para que o salário chegue
a R$ 240 no próximo ano.
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